Sucateiro do Seixal apanha pena suspensa por recetação de catalisadores furtados
O Tribunal de Lisboa acaba de absolver um homem, de 38 anos, acusado da recetação, no Seixal, de um crime de recetação agravada relacionado com toneladas de catalisadores furtados. O arguido só foi condenado por um crime de recetação simples, na pena de nove meses, já cumprida por ter estado em prisão preventiva.
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A empresa do arguido, a Caterfining, também foi absolvida do pagamento de 1,9 milhões euros – o produto, segundo o Ministério Público (MP), da atividade criminosa entre 2019 e 2021.
À saída do tribunal, o arguido admitiu recorrer do único crime pelo qual foi condenado. “Tinha que haver pelo menos um para não manchar a imagem do MP”, ironizou. Também se queixou de não ter sido ouvido na investigação, apesar de ter “cooperado com as autoridades quando se deslocaram à sucateira para aceder à videovigilância para verificar quem vendia os catalisadores”. “Não cometi qualquer crime e queria ajudar a polícia a identificar suspeitos”, alegou.
“O único problema que tive” – disse ao JN – “foi não ter introduzido no sistema informático da Agência Portuguesa do Ambiente as guias dos registos dos catalisadores que comprava no estrangeiro, o que não sabia que tinha que fazer”. “Daí a discrepância nos registos que o MP entendeu ser prova em como enriquecia com a compra de catalisadores sem os registar. Eu emitia faturas a quem os comprava em Portugal e registava-os, não sabia que eram furtados, não conhecia quem os vendia, estes assinavam documentos em como eram seus e eram sempre emitidas faturas”, afirmou.
O arguido tem um site onde apresenta um catálogo de catalisadores e preços de compra. Segundo a acusação, o site era consultado por intermediários, que compravam catalisadores furtados e os vendiam à empresa do arguido.
“Os preços praticados eram e ainda são os que estão cotados na bolsa europeia dos metais, não tinha qualquer ganho ilegal com estas compras”, afirmou o arguido.
Um dos indivíduos que fornecia catalisadores ao sucateiro foi condenado a uma pena de prisão, suspensa por quatro anos, e ao pagamento de 69 mil euros, por receptação agravada. Trata-se de um vendedor de automóveis de Lisboa, com 30 anos, que comprava os catalisadores a quem os furtava. Outros arguidos foram condenados por furtos.