Suspeita de tentar matar marido em Porto de Mós diz ser vítima de violência doméstica
O Tribunal de Leiria começou esta segunda-feira a julgar uma mulher de 43 anos, acusada de homicídio qualificado na forma tentada contra o companheiro, em Porto de Mós, no distrito de Leiria, assim como de detenção de arma proibida. A arguida diz ser vítima de violência doméstica por parte do companheiro.
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A mulher explicou que saiu para o quintal da casa com a arma da mão e disparou sobre o companheiro, por três vezes.
Contrariando a acusação, a arguida afirmou que ficou "assustada" e que ele lhe "começou a chamar nomes" e se dirigiu a si.
"Fugi com a arma na mão. Ele agarrou-me nas traseiras de casa. Ficámos à briga um com outro. Fugi para dentro da casa com a pistola na mão e ele entrou na sala e conseguiu tirar-me a pistola. E disse: 'quiseste matar-me, mas agora quem te mata sou eu'", relatou.
A mulher revelou ainda que o homem depois lhe apontou a arma. Nesse momento, saiu de casa para ir buscar uma pedra, que usou para lhe bater na cabeça. A arguida admitiu que fugiu para Lisboa e que pelo caminho pediu ajuda a uma amiga.
Revelou ainda ser vítima de violência doméstica, referindo que nunca denunciou o companheiro nem saiu de casa, porque o mesmo a ameaçava de ficar sem o filho. "Tu podes ir, mas o filho fica comigo", disse a arguida ao recordar as palavras do companheiro.
No decorrer no seu testemunho, algo emocionado, a arguida afirmou estar "arrependida". "Não foi minha intenção fazer mal. Ele é o pai do meu filho", sublinhou, ao afirmar que lhe pediu desculpa e "ele aceitou".
A vítima confirmou ao tribunal que a mulher lhe pediu desculpa, emocionando-se quando referiu este facto, sublinhando que quando falaram, cerca de quatro meses depois, os dois choraram.
O homem garantiu que não lhe apontou nenhuma arma, nem nunca a ameaçou. Refutando ainda as afirmações de que tinha impedido a saída da mulher, a vítima referiu que foi a arguida que lhe "barrou a saída".
Tendo em vista investigar eventual prática de um crime de violência doméstica do homem contra a arguida, foi extraída certidão do auto de inquirição.
A mulher encontra-se em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Tires.