A mulher suspeita de tentativa de sequestro de uma recém-nascida, no Hospital de S. João, uma secretária desempregada, de 48 anos, de Gaia, foi bastante evasiva durante o interrogatório a que foi sujeita por elementos da investigação criminal da PSP.
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A única resposta concreta que terá dado foi a de que "queria um menino ou uma menina". Laura terá vigiado as rotinas do hospital, nos dias anteriores, para tentar perceber a dinâmica do serviço de Obstetrícia, e escolher o melhor momento para tentar apoderar-se de um bebé, disfarçada de médica.
A suspeita, que após o golpe falhado, anteontem, foi detida e conduzida à esquadra do Bom Pastor, onde passou várias horas a ser interrogada, pouco terá explicado sobre a motivação e preparativos do crime que só falhou graças à intervenção dos familiares da bebé que a desmascararam.
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Ao que o JN apurou, Laura terá adotado um discurso monossilábico, muitas vezes incoerente e várias vezes interrompido por lágrimas e soluços, numa atitude que os investigadores acreditam possa ser, pelo menos em parte, sinal de perturbação emocional e que poderá ser usada como atenuante num crime - sequestro qualificado - cuja pena poderá chegar aos dez anos de cadeia. A única resposta que terá dado claramente foi curta: queria um menino ou uma menina. Quanto ao mais terá sido omissa ou confusa.
Preparação
Os homens da Divisão de Investigação Criminal da PSP do Porto passaram, no domingo, várias horas a visionar imagens dos últimos dias registadas pelo sistema de videovigilância do Hospital de S. João.
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Para além de "falhas de segurança" que terão detetado - que permitiram que alguém, envergando uma simples bata e um estetoscópio, acedesse a áreas reservadas daquela unidade hospitalar - os policias estão convencidos que a suspeita terá estado várias vezes no S. João, nomeadamente à volta e nos acessos do 5.º piso - onde está localizada a Obstetrícia - de modo a perceber a dinâmica daquele serviço e os períodos onde a vigilância abranda.
Os investigadores acreditam que não foi por acaso que a suspeita escolheu atuar logo a seguir às 19 horas. Isto porque é a partir dessa altura e até às 19.30 horas que os pais dos recém-nascidos se afastam dos berçários para jantarem numa sala próxima, mas sem vista direta para os bebés.
Apenas as mulheres que deram à luz por cesariana, ou tiveram partos difíceis, tomam as refeições na cama, com os bebés a seu lado. Sábado é, também um dia em que o grande número de visitas gera alguma confusão e lhe permitiria, se tivesse tido sucesso, sair mais facilmente com um bebé.