O processo relativo à morte do emigrante Mário Jorge Silva, encontrado morto, nu e desfigurado, num pinhal em Jesufrei, Famalicão, em novembro de 2016, foi transferido para o Brasil. Há duas suspeitas identificadas pela Polícia Judiciária (PJ), de nacionalidade brasileira, que terão fugido para aquele país.
Corpo do artigo
"O inquérito em causa foi transmitido às autoridades brasileiras, no âmbito de um processo de delegação do procedimento criminal", adiantou ao JN fonte da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Segundo informações recolhidas pelo JN, a investigação da PJ do Porto chegou às duas suspeitas, que foram constituídas arguidas e cuja extradição foi pedida. Contudo, uma vez que os brasileiros não extraditam os seus nacionais, foi solicitado que o inquérito passasse para aquele país, tendo em vista que as duas mulheres prestem contas perante a Justiça. "O Ministério da Justiça brasileiro informou haver disponibilidade para receber o processo português e prosseguir com o mesmo", adiantou a PGR.
Desaparecido há 12 dias
Mário Jorge, 47 anos, emigrante na Suíça, natural de Oliveira de Santa Maria, em Famalicão, veio visitar a família quando desapareceu. Tinha viagem de regresso marcada mas não chegou a embarcar. Acabou por ser encontrado morto, desfigurado e completamente nu, numa zona de pinhal conotada com a prostituição, em Jesufrei, por uma mulher que ali trabalhava, na tarde do dia 15 de novembro de 2016.
Tinham passado 12 dias desde que Mário tinha sido dado como desaparecido e o seu corpo estava em avançado estado de decomposição, embora fossem percetíveis marcas de agressões, na cabeça e na cara, e marcas nas pernas e nos braços que indiciavam ter sido amarrado. Foi visto pela última vez em 3 de novembro de 2016 e a família participou o desaparecimento às autoridades no dia seguinte.
Na altura, suspeitou-se que Mário tinha sido morto noutro local e o corpo deixado no pinhal de Jesufrei. Aliás, naquela data, soube o JN, a vítima estaria a reconciliar-se com uma mulher brasileira com quem mantivera uma relação. Mário era o filho do meio de um casal de Oliveira de Santa Maria, e estava emigrado desde pequeno. Regressava de férias, para visitar os pais.
Quando o cadáver foi encontrado, a cara estava irreconhecível, sem qualquer peça de roupa e sem documentos, pelo que não foi possível a identificação imediata. A identidade só foi determinada no dia seguinte, através das impressões digitais e de uma lesão que Mário tinha numa das mãos.
Tinha duas irmãs, uma delas também emigrada na Suíça, onde cresceu e morava. Era o filho do meio de um casal de Oliveira de Santa Maria e tido como pessoa calma. Estava na Suíça desde pequeno e revelava até dificuldade em falar português.
Duarte Lima em sentido inverso
Em sentido inverso, do Brasil para ser julgado em Portugal, seguiu o processo em que Duarte Lima, advogado e ex-dirigente do PSD está acusado da morte da Rosalina Ribeiro, no Brasil. A mulher, herdeira do magnata Tomé Feteira, era cliente de Lima e terá sido morta, segundo a justiça brasileira, porque lhe exigiu a devolução de mais de cinco milhões de euros que o advogado justifica como sendo honorários.
Alerta para a GNR
Mário foi visto pela última vez a 3 de novembro, após jantar em casa da irmã e sair com amigos. No dia 4 de manhã ligou à irmã a dizer que ia almoçar a casa dos pais mas nunca apareceu e o telemóvel deixou de dar sinal.