Suspeitas de corrupção na McDonald's levam PJ a fazer buscas na Câmara de Valongo
A PJ do Porto está a realizar buscas na Câmara de Valongo e em várias residências, no âmbito de um inquérito que investiga suspeitas de corrupção envolvendo o vereador Paulo Ferreira, o gestor de expansão da McDonald's Portugal, onde também há buscas, e um empresário do imobiliário, que foram constituídos arguidos.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, no centro deste processo está Carlos Moura Guedes, dono da Imopartner, que terá comprado, através de doações ao Clube de Propaganda de Natação de Valongo, os favores do vereador para obter facilidades no licenciamento de um restaurante da multinacional naquele concelho. Em troca da conclusão em tempo recorde do processo urbanístico, o vereador terá pedido ao empresário que entregasse, entre 2020 e 2022, um donativo ao clube desportivo. Paulo Esteves Ferreira, vereador e vice-presidente foi anunciado, em novembro, como candidato pelo PS à Câmara de Valongo nas próximas eleições autárquicas. Atualmente tem os pelouros das obras municipais e o licenciamento de obras particulares.
Além dos crimes de corrupção ativa e prevaricação, no mesmo inquérito o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional do Porto investiga suspeitas de corrupção no setor privado. O promotor imobiliário Carlos Moura Guedes, que tinha como principal cliente a McDonald's Portugal, terá corrompido o gestor da área de expansão da multinacional.
O JN sabe que a sede da empresa McDonald's Portugal, em Oeiras, também está a ser alvo de buscas para que os investigadores possam recolher documentação.
Do funcionário obteria informações privilegiadas sobre os projetos de novas lojas que a McDonald's viria a instalar em diversos concelhos do Norte do País, entre eles Valongo. Como contrapartida das informações sigilosas e decisões que viriam a beneficiar a empresa de Carlos Moura Guedes, o funcionário da multinacional terá recebido do empresário diversas remessas de dinheiro, entre 2020 e 2022.
Este empresário foi recentemente acusado de corrupção no processo que envolve o ex-juiz Hélder Claro. O magistrado, expulso em maio do ano passado, e o seu parceiro Carlos Moura Guedes foram acusados de ter ganhado perto de um milhão de euros em dois negócios imobiliários com a marca de supermercados Aldi. Conseguiram-no, diz o Ministério Público (MP) do Porto, após corromperem um prospetor de mercado da empresa alemã.
Neste processo, o vereador da Câmara de Valongo, o funcionário da McDonald's e o promotor imobiliário foram constituídos arguidos.
Contactada pelo JN, fonte da Câmara de Valongo confirmou "a presença de elementos da Polícia Judiciária nas suas instalações, no âmbito de uma investigação relacionada com processos urbanísticos, tendo prontamente disponibilizado todos os documentos solicitados", acresentando estar "totalmente disponível para continuar a colaborar com as autoridades e para prestar todos os esclarecimentos adicionais que sejam solicitados".
Entretanto, numa reação ao caso, a McDonald's Portugal informou que o gestor sob suspeita está suspenso de funções.