Há mais de um milhão de pessoas registadas e mais de 27 mil a pedir para não as deixarem jogar. 68% ainda apostam nos sítios ilegais.
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Em menos de três anos, em setembro passado, foi ultrapassada a marca de um milhão de jogadores online em Portugal. E há 27 800 que, a seu pedido, estão impedidos de apostar dinheiro na Internet. O mecanismo funciona nas plataformas legais, ao abrigo das 16 licenças já concedidas, mas nos sítios ilegais não há rei nem roque e é aqui que mais de metade dos jogadores prefere "investir".
Desde que foi aprovado o Regime Jurídico dos Jogos e Apostas Online, em 2015, até setembro do ano passado a monitorização dos sítios ilegais, a cargo do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), já identificou 319 operadores ilegais, aos quais foi pedido que cessassem voluntariamente a sua atividade. Apesar de notificados, 251 persistiram na conduta ilegal, pelo que foi pedido o seu bloqueio aos fornecedores de serviços de Internet - revela o último relatório do SRIJ. Em 12 casos foram mesmo efetuadas participações ao Ministério Público para a instauração dos correspondentes processos-crime, informa o documento do SRIJ.
Ilegais mais atrativos
Apesar da legalização, ainda há muitos jogadores que continuam a recorrer a sítios ilegais. Segundo um estudo encomendado pela associação internacional de empresas de jogos online RGA à Eurogroup Consulting, em 2017, 68% dos apostadores portugueses continuavam a recorrer a operadores não regulados.
Estes sites, por não pagarem impostos, conseguem ter "odds" (probabilidades) mais atrativas e, consequentemente, um maior potencial de lucro. Porém, há que lembrar que, antes de tudo, são sítios ilegais, o que significa que pode não haver garantia de pagamento.
A ilegalidade comporta ainda mais perigos. Estes sites não têm qualquer obrigação de promover o jogo responsável. Por exemplo, não necessitam de impor limites aos montantes das apostas, não informam sobre os perigos do jogo e, pior ainda, não respeitam as proibições e não impedem que menores e autoexcluídos joguem.
Segundo o SRIJ, em setembro de 2018, havia cerca 27 800 jogadores impedidos de jogar por sua vontade. Em setembro do ano anterior, eram só 13 100. Tal como nos casinos físicos, a lei permite que os cidadãos solicitem aos sites que os impeçam de jogar e estes são obrigados a cancelar o seu registo, impedindo-os de jogar por um período determinado.
Alterações em estudo
No passado dia 28 de janeiro, o Governo criou um grupo de trabalho para avaliação do regime de tributação dos jogos e apostas online e do regime de exploração e prática das apostas hípicas. O grupo terá uma composição multidisciplinar e deverá apresentar as conclusões em 30 dias.
Jogador tem entre 24 e 44 anos e mora no litoral
O último relatório do SRIJ diz que mais de metade dos jogadores online (62,3%) tem entre 24 e 44 anos. Porto (21,8%), Lisboa (19,7%) e Braga (9,5%) concentram a maior parte dos registos. Os jogos mais procurados são as máquinas de fortuna e azar (60%), o póquer (16%), a roleta francesa (16%) e o blackjack/21 (7%). Já as apostas concentram-se maioritariamente nos jogos de futebol (79%) e de ténis (17%).