O suspeito da morte de um homem, cujo corpo foi encontrado em abril de 2021 numa zona de floresta em Figueiró dos Vinhos, refutou todas as acusações em tribunal. Ouvido esta manhã por um coletivo de juízes do Tribunal Judicial de Leiria, o arguido negou que tenha disparado contra a vítima e ocultado o corpo. Disse ainda que era "amigo" do ofendido e que não esteve com ele no dia em que a morte terá ocorrido.
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Carlos Ferreira, funcionário público com 52 anos, está preso preventivamente, acusado dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver. Em tribunal, começou por dizer que "não é verdade" que tivesse inimizades com a vítima, como é referido no despacho de acusação. Garantiu que tinha "boas relações" com o ofendido. Cruzava-se quase diariamente no trânsito com ele e frequentava a sua casa, acrescentou.
O arguido negou depois que no dia 31 de março tenha telefonado à vítima para lhe pedir que o fosse ajudar a retirar a viatura que ficara atolada numa zona florestal em Figueiró dos Vinhos, o que, segundo a acusação, teria funcionado como chamariz para o crime.
"Não havia carro atolado. Nunca disse isso", afirmou Carlos Ferreira durante a audiência, onde admitiu que, naquele dia, falou ao telemóvel com a vítima, para lhe pedir que lhe devolvesse um cabo extensível que lhe tinha emprestado, porque ia precisar dele no fim de semana, para fazer umas pinturas em casa dos pais. Mas, segundo o relato do arguido, a entrega não aconteceu. "Não o cheguei a ver nesse dia."
Confrontado com o presidente do coletivo de juízes sobre o teor da acusação, segundo a qual terá efetuado três disparos, com "uma pistola semiautomática (...) transformada em arma de fogo", que atingiram a vítima, e escondido o cadáver, o arguido respondeu sempre que 'não'. "Ninguém pode confirmar que o fiz", afirmou.
Sobre as munições que foram encontradas em sua casa, Carlos Ferreira, conhecido na terra com a alcunha de "112", alegou que "eram da tropa" e que as tinha desde o tempo em que cumpriu serviço militar em vários regimentos.
O suspeito disse ainda "não ser verdade" a tese do Ministério Público, que sustentou que, "de modo a conhecer as rotinas" da vítima, nos quatro sábados que antecederam o dia 31 de março, ele abordou a proprietária de um estabelecimento, frequentado diariamente pelo ofendido, "questionando-a acerca das horas" a que este aí se deslocava, tendo sido informado. Em tribunal, Carlos F. admitiu que apenas perguntou isso "uma vez, cerca de um mês antes" dos acontecimentos
Além dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver, o arguido está ainda acusado de dois crimes de detenção de arma proibida, incorrendo na pena acessória de interdição de detenção, uso e porte de armas. O corpo da vítima foi descoberto no dia 2 de abril pela GNR.