Suspeito de assassinar mulher em Oliveira do Bairro andou fugido 20 dias graças a primo
Familiar de Oliveira do Bairro assegurou toda a logística ao fugitivo, que ontem foi posto em prisão preventiva.
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Foi graças à ajuda de um primo que Jair Pereira, de Oliveira do Bairro, conseguiu escapar às autoridades durante 20 dias, depois de assassinar São, como era conhecida a emigrante com quem aquele desejava reatar a breve relação começada e acabada no verão de 2024. Detido no sábado à tarde, o alegado homicida foi ontem apresentado a uma juíza de instrução de Aveiro e, no final, foi levado do tribunal para a cadeia de Aveiro, onde vai ficar preso preventivamente.
Jair Pereira, serralheiro de 54 anos, não optou pelo silêncio, perante a juíza de instrução criminal, e prestou um depoimento de cerca de três horas. Terá dito que agiu em legítima defesa, mas as provas reunidas pela investigação da Polícia Judiciária de Aveiro resultaram na sua indiciação judicial por crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver, que, se provados em julgamento, lhe podem custar até 25 anos de cadeia.
Casas, transporte, telefones
Na tarde de 18 de maio, um domingo, o serralheiro e a Conceição Figueiredo, de 69 anos, dançaram juntos na matiné de uma danceteria da Palhaça (Oliveira do Bairro) e, depois disso, ainda terão estado na padaria Delícia do Arieiro, ainda naquela vila. Mas, já na carrinha de Jair Pereira, o par envolveu-se numa discussão que descambou em violência física, na zona de Vagos. Conceição Figueiredo, apenas São para os amigos, não terá morrido na carrinha, porque não foi atingido nenhum dos seus órgãos vitais, mas a 20 ou 30 quilómetros dali, numa zona de mato de Avelãs de Cima, onde o seu corpo foi escondido e onde só seria encontrado a 2 de junho, com lesões de 12 golpes de faca no peito e de um nas costas.
Jair Pereira pôs-se então em fuga, com ajuda do primo. Numa altura em que ainda não se sabia o que tinha acontecido a São, o primo levou-o para casa de uma amiga, na localidade de Cercal. A amiga é emigrante, mas estava em casa. E haveria de aconselhar Jair a entregar-se às autoridades. Conselho que ele não aceitou, levando o primo a mudá-lo para sua própria casa, em Bustos, também em Oliveira do Bairro. Entretanto, foi arranjando telefones a Jair para este fazer os seus contactos sem ser detetado pela Polícia.
Jair pretenderia fugir do país, mas não conseguiu sair sequer de Oliveira do Bairro. Depois de o manter na sua casa, o primo voltou a levá-lo para a da emigrante, convencido de ela se ausentara por algum tempo. Os cálculos saíram furados, pois a mulher voltou a casa e, pressentindo a presença de Jair, chamou a GNR, que abortou a sua tentativa de fuga da casa e entregou-o à PJ.