O suspeito de matar à facada um homem junto a um bar do Entroncamento ficou, este sábado, em prisão preventiva, por decisão de uma juíza de instrução criminal de Benavente. A medida de coação mais gravosa foi aplicada, apesar de o arguido ter invocado legítima defesa.
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O crime foi cometido à porta de um bar do Entroncamento, na madrugada de 30 de setembro, mas o arguido alega que só esfaqueou a vítima, um homem de 52 anos, depois de a mesma lhe ter dado uma facada no peito.
A Polícia Judiciária de Leiria, à qual o arguido se entregou na tarde de sexta-feira, 6 de outubro, terá fotografado um ferimento do arguido no peito. Mas o ferimento, que poderá ajudar o arguido a sustentar a tese da legítima defesa, não impediu o Ministério Público de propor à juíza de instrução, durante o interrogatório em Benavente, a aplicação da prisão preventiva.
Segundo declarou ao JN Aníbal Pinto, advogado do arguido, a juíza de instrução reconheceu que o arguido levou a facada no peito, mas não deixou de optar pela mais pesada das medidas de coação. A magistrada terá observado, ainda assim, que as medidas de coação são revistas de três em três meses. Aníbal Pinto pugnava por uma medida de coação não privativa da liberdade.
Uma semana e fuga
O arguido, Joaquim Moura, também conhecido por “Dálio”, era alvo de um mandado de detenção e andou fugido durante uma semana. Na sexta-feira, foi levado à PJ de Leiria pelo seu advogado, que explicou a fuga do cliente pelas “ameaças de morte” que terá recebido, depois de cometer o crime de homicídio.
“Disseram-lhe que havia pessoas que tinham jurado vingança. Ficou à espera de contratar um advogado para se apresentar, conforme veio a acontecer”, explicou Aníbal Pinto, referindo que o cliente “já tinha decidido entregar-se há alguns dias” e, entretanto, “foi criada uma harmonia com a Polícia Judiciária para que isso acontecesse”.
Aníbal Pinto disse também “não ter grandes dúvidas” de que o seu constituinte terá “agido em legítima defesa”. “O Joaquim tem uma facada no peito junto ao coração. Não obstante, lamenta-se sempre a tragédia que aconteceu. Foi uma vida que se perdeu, se calhar de uma forma desnecessária e exagerada”, admitiu.
Testemunha em Leiria
A entrega de “Dálio” foi anunciada dois dias antes pelo JN e levou a que dezenas de amigos e vizinhos se concentrassem junto à PJ de Leiria na sexta-feira à tarde. Entre eles estava um homem que se identificou como relações públicas do Irish Pub, à porta do qual se registou o crime.
Aquela testemunha contou aos jornalistas que a vítima terá chegado ao bar pelas 4 horas da madrugada de sábado 30 de setembro. O estabelecimento estava “já no horário de fecho” e aquele homem foi impedido de entrar e “mandou uns murros na porta do bar”. “O meu patrão saiu e foi falar com ele. Desviaram-se uns 20 ou 30 metros da porta”, contou o funcionário, acrescentando que o homem de 52 anos desferiu então “uns golpes, que não acertaram diretamente ao meu patrão, mas que atingiram o Joaquim”. “Houve uma grande confusão e apercebi-me do senhor a tombar”, relatou a testemunha sobre momento em que aquele terá sido esfaqueado por Joaquim Moura.