A Polícia Judiciária do Porto deteve, no aeroporto de Lisboa, mais um suspeito de pertencer ao “cartel da informática”, desmantelado na terça-feira, numa operação que levou à prisão preventiva de um funcionário da Universidade do Porto. Trata-se de um funcionário do Banco de Portugal que regressava de férias.
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Em comunicado, a PJ esclareceu, este sábado, que o sétimo suspeito foi detido quando chegava a Portugal. O homem, que está indiciado por corrupção passiva, participação económica em negócio, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documento e abuso de poder, será levado ao Tribunal de Instrução Criminal do Porto segunda-feira.
O JN apurou tratar-se de um funcionário do Departamento de Sistemas e Tecnologias de Informação, que trabalha no Banco de Portugal há cerca de 20 anos. Este técnico é suspeito de ser uma das toupeiras da DecUnify no organismo e terá sido corrompido com uma viagem a Barcelona, Espanha.
Recorde-se que, na terça-feira, a PJ lançou a “Operação Nexus” e deteve seis pessoas: um funcionário da Universidade do Porto, outro de uma empresa concessionada pelo Estado, além de um membro da administração e três funcionários da principal empresa visada, a DecUnify.
Os funcionários da firma são suspeitos de produzirem à medida dos seus interesses económicos os cadernos de encargos que forneciam às “toupeiras” das entidades públicas. Por sua vez, estes funcionários públicos lançavam os concursos, manipulados à partida, para que a empresa ganhasse as adjudicações, que, nos últimos anos, atingiram cerca de 20 milhões de euros.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a Universidade do Porto, a de Coimbra, a Casa da Música, o Banco de Portugal, as Águas Douro e Paiva, a Simdouro, o grupo Brisa, o INEM, o
Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), a Secretaria- Geral do Ministério da Administração Interna, a Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), e Unidade Local de Saúde do Nordeste, em Bragança, terão sido vítimas do esquema de cartelização, alegadamente criado pela DecUnify.
Só na Universidade do Porto e num agrupamento de escolas da cidade, a DecUnify venceu cerca de 4 milhões de euros em concursos, alegadamente manipulados.