O espanhol que tentou violar e matar duas mulheres em Castelo de Vide vivia há anos numa caravana que estava instalada numa área, junto à Barragem da Póvoa e Meadas, que tem proteção ambiental e onde é proibido acampar.
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Segundo o presidente da Câmara de Castelo de Vide, António Pita, o cadastrado que atacou duas mulheres, de 17 e 22 anos, não estava sozinho naquele acampamento “ilegal”, em terreno da E-Redes (a nova designação da antiga EDP), e vem acentuar uma preocupação antiga do município.
“As quatro ou cinco famílias que estão instaladas nos terrenos da EDP estão aqui de uma forma desregulada, porque não existe no lugar um parque de campismo, devidamente legalizado, que possa dar respostas às necessidades”, lamentou o autarca António Pita.
Manuel Quintas, conhecido em Zamora (Espanha) por El Quintas, foi detido e, a seguir, preso preventivamente, por suspeita de sete crimes cometidos sobre duas mulheres que foram até junto da albufeira na última terça-feira. O espanhol estaria acampado junto da Albufeira de Póvoas e Meadas há vários anos, depois de, em 2017, ter cumprido 20 anos de cadeia, por violação de uma mulher nas margens do rio Douro, na zona de Zamora, e sido posto em liberdade condicional. Antes disso, tinha já estado preso pelo duplo homicídio, na década de 1980, que vitimou um jovem casal que estudava a fauna do mesmo curso de água.
Câmara quer campismo legal
Em Castelo de Vide, o presidente da câmara conta que esta anda há 20 anos, sem sucesso, a pedir à EDP para comprar o terreno e às outras entidades competentes (Agência Portuguesa do Ambiente, CCDR Alentejo e Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) para autorizarem a criação no local de um “parque de campismo, legalizado, com serviços de restauração e todas as infraestruturas necessárias para a existência de uma área balnear, formal”.
“É um espaço que foi concessionado à EDP, hoje E-Redes, onde existiam trabalhadores da empresa, que tratavam do espaço envolvente da barragem, essencialmente o espaço de utilização pública, com atividades de recreio, de lazer e atividades aquáticas”, disse, comparando: “Aquilo que outrora era um oásis passou a ser terra de ninguém”.
“Devido ao festival Andanças, milhares de pessoas acampavam no local”, mas o autarca diz que, “neste momento, o Plano de Ordenamento da Albufeira não permite que isso aconteça”. “A Albufeira encontra-se numa área protegida, está na área do Parque Natural da Serra de São Mamede”, justifica.
Autocaravanismo tem parque
O que já existe perto da albufeira é uma área de serviço de autocaravanismo, com sanitários, espaço de pernoita, de limpeza, todos os serviços necessários para a prática desta atividade. “É um espaço que a Câmara Municipal recuperou com a Federação Portuguesa de Caravanismo e a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo. A entrada é controlada através de identificação e pagamento de entrada”, diz.