Suspeito do incêndio de Ourém foi condenado pelos fogos na Caranguejeira em 2017 e 2018
Um servente é suspeito de ter causado o incêndio que, no último domingo, queimou 250 hectares de floresta em Ourém. O indivíduo, detido na quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ) de Leiria, já fora condenado pelos incêndios que, em 2017 e 2018, consumiram uma grande área de mata na Caranguejeira, concelho de Leiria.
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No processo judicial sobre os fogos de 2017 e 2018 ficou provado que o homem, agora com 32 anos e residente naquela zona do País, gostava de assistir a grandes incêndios e a todo o movimento subsequente de bombeiros, forças de segurança e autoridades da proteção civil. Por esse motivo, usava um isqueiro para atear pequenos focos de fogo que, nalguns casos, rapidamente se transformavam em grandes incêndios.
Foi, então, condenado a uma pena de trabalho comunitário, que cumpriu religiosamente numa instituição de solidariedade social. Contudo, nunca foi obrigado a submeter-se a qualquer tratamento psicológico, nem beneficiou de acompanhamento médico.
Primeira tentativa falhou
Assim, tal como aconteceu em 2017 e 2018, o servente da construção civil que só fazia biscates aproveitou a tarde do último domingo para, com um isqueiro, atear fogo num monte de sobrantes resultante de uma limpeza florestal. Esta primeira tentativa fracassou, mas o incendiário não desistiu da intenção de provocar o incêndio.
Dirigiu-se a um segundo monte de resíduos florestais, a uma curta distância do primeiro local, e voltou a utilizar o isqueiro para atear o fogo. Desta vez, com sucesso.
Este fogo, refere a PJ de Leiria com base numa estimativa do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, “destruiu aproximadamente 250 hectares de floresta e colocou em perigo populações das freguesias situadas a noroeste do concelho de Ourém”.
Colaboração entre PJ e GNR foi fundamental
Na sequência do fogo, a GNR, através dos Destacamentos de Tomar e Leiria, e a PJ de Leiria “procederam, de forma incessante, a diligências de recolha de prova” e, em pouco tempo, chegaram “à identificação do autor e imputação da prática daquele grave crime, que muito alarmou a comunidade e o País”. Os antecedentes criminais do operário da construção civil e o facto de ser residente nas imediações da origem do incêndio foram fatores essenciais para o trabalho dos inspetores.
O servente foi detido e será, nesta sexta-feira, sujeito a primeiro interrogatório judicial. No final, o juiz decretará as medidas de coação.
Apesar de já ter detido o suspeito pelos incêndios do passado fim de semana, a PJ investiga a possibilidade do operário ter estado envolvido noutros grandes incêndios ocorridos naquela zona do País, nos últimos anos.
Autarca pediu contundência
Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Leiria, tinha dito que acreditava que os fogos dos dias anteriores tinham origem criminosa e pediu uma
investigação "mais contundente". "Tem de existir uma estratégia de investigação mais contundente para conseguir apanhar os criminosos que estão por detrás destes incêndios e para que haja outro tipo de penalização", defende Gonçalo Lopes, considerando "estranho" o caso da freguesia da Caranguejeira que, "ano após ano", tem sido "sistematicamente alvo de ignições estratégicas e premeditadas".