Os dois homens, de nacionalidade espanhola, identificados pela GNR, na terça-feira à tarde, junto à fronteira entre o Algarve e Espanha, e entregues à Polícia Judiciária (PJ), foram constituídos arguidos e libertados.
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As autoridades entenderam que, nesta fase da investigação, não existem indícios suficientes de que tenham estado envolvidos na morte do cabo Pedro Manata e Silva, no dia anterior, no Rio Guadiana, em Alcoutim, durante a perseguição a uma lancha suspeita de transportar droga.
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Os dois homens foram detidos em Castro Marim, concelho que faz fronteira com Espanha, a cerca de trinta quilómetros do local onde ocorreu o abalroamento da embarcação da Unidade de Controlo Costeiro e de Fronteiras (UCCF) da GNR. Após a colisão, os traficantes embateram numa margem do rio e fugiram enquanto a lancha ardia por completo.

Lancha onde seguiam os suspeitos de narcotráfico
Foto: Direitos reservados
Elementos da Guarda que patrulhavam toda a zona acabaram por encontrar os dois homens a meio da tarde. Um deles estava apeado, tentou fugir e desfazer-se de um saco com mais de 50 mil euros em dinheiro, entretanto recuperado pela GNR, quando se apercebeu que tinha sido avistado por uma patrulha da Guarda. O outro foi encontrado no interior de um carro, de matrícula espanhola, e estaria a aguardar pelo primeiro para que ambos seguissem para Espanha.
Na altura, o porta-voz da GNR, Carlos Canatário, confirmou que os dois homens, referenciados por tráfico de droga, tinham sido identificados e entregues à PJ, quando pretendiam rumar a Espanha, admitindo a existência de mais suspeitos, ainda em fuga.
Mas, ao que o JN apurou, os indícios recolhidos não foram considerados suficientemente fortes para avançar para a detenção, pelo que os dois foram libertados, já na madrugada desta quarta-feira, com Termo de Identidade e Residência, medida inerente à constituição de arguido.
O cabo Pedro Manata e Silva morreu e três outros militares ficaram feridos, na segunda-feira à noite, após a embarcação em que seguiam ter sido abalroada por uma lancha de alta velocidade que tinha sido detetada a entrar no Rio Guadiana que a GNR suspeita que esteja relacionada com tráfico de droga.
Após a deteção da lancha, foram acionados militares do Destacamento de Controlo Costeiro de Olhão, da UCCF, para proceder à localização e abordagem.
Durante a intervenção, a embarcação da GNR foi abalroada violentamente pela lancha rápida, o que resultou na morte imediata do militar. Os restantes feridos já receberam alta do Hospital de Faro.
A lancha dos traficantes foi encontrada a arder a cerca de duas milhas do local onde ocorreu o acidente. Os tripulantes, num número não determinado, fugiram. Logo nessa noite e durante todo o dia de terça-feira estiverem em curso, no rio e nas margens portuguesa e espanhola, diversas diligências para apurar as circunstâncias em que ocorreu a colisão e o incêndio e, ainda, para recolha de indícios que permitissem localizar os suspeitos.
As operações decorreram com o apoio da Polícia Marítima, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil e da Guardia Civil. Helicópteros, drones, cavalo e cães pisteiros foram alguns dos meios utilizados. Nos acessos rodoviários foi intensificado o patrulhamento e a fiscalização, estando previstas mais ações esta quarta-feira.
A GNR informou que foi acionado apoio psicológico para os militares envolvidos e respetivas famílias.
