Houve choros, gritos e ameaças na sessão desta quarta-feira do julgamento de Danny Eusébio, um empresário hortícola da Póvoa de Varzim acusado de sodomizar e matar Oleg Bergovenko, um empregado ucraniano.
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O tribunal de Matosinhos chamou testemunhas de defesa que, esperava-se, fossem apenas falar do caráter dos quatro arguidos, mas tudo mudou quando foi chamada Belandina Martins, viúva, de 72 anos, tia do principal arguido e cunhada da mãe deste, Maria, que é também arguida por, alegadamente, ter ajudado a disfarçar o crime, levando o corpo para sua casa.
Belandina começou por dizer que soube do crime "quando deu na televisão" e só depois falou com a cunhada que lhe terá dito que "o Danny foi preso, mas está inocente". A juiz-presidente achou estranho e perguntou-lhe se não tinha falado antes, pelo telemóvel, com a cunhada. Belandina respondeu que não, que preferia contactos pessoais, mas a magistrada chamou-a ao pé de si para lhe mostrar registos de mais de 20 chamadas, entre ela e a cunhada, no dia do crime.
A magistrada lembrou-lhe que estava sobre juramento e teria de falar verdade, ou seria constituída arguida e questionou: "De que é que a senhora e a sua cunhada falaram, em tantos telefonemas logo a seguir ao crime?". Belandina continuou a negar o óbvio e, de repente, descontrolou-se num pranto acompanhado de convulsões que fizeram temer pela sua saúde.
Perante este quadro, a juiz aconselhou a testemunhar a sair da sala para se recompor. A mulher aceitou e passado algum tempo acabou por chamar de novo Belandina para lhe dizer que só falaria se quisesse. Ela respondeu que não queria dizer nada, pelo que foi dispensada sem qualquer penalização