O funcionário judicial José Nogueira da Silva, arguido no processo e-Toupeira e suspeito de ser o principal informador do Benfica no sistema de justiça, já regressou às funções que desempenha no Tribunal Judicial de Guimarães, onde está a trabalhar com acesso a computadores e aos processos daquela comarca.
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Está a trabalhar próximo de outro funcionário judicial, Júlio Loureiro, que também é arguido naquele processo, mas foi ilibado pela juíza Ana Peres.
José Nogueira da Silva vai ser julgado, tendo sido pronunciado por crimes de corrupção e violação de segredo, entre outros. O funcionário judicial, natural de Fafe, a trabalhar em Guimarães e ligado à área da informática, esteve, inicialmente, em prisão preventiva. Passou entretanto para prisão domiciliária, até que, aquando do despacho de pronúncia, a medida de coação foi mais uma vez atenuada.
"O arguido tem apenas a medida de coação de termo de identidade e residência, sem qualquer outra proibição, inclusive de contactos, pelo que tem de se apresentar ao trabalho como qualquer outro cidadão", confirmou ao JN o advogado Paulo Gomes, que representa José Nogueira da Silva.
Fonte do Tribunal de Guimarães disse ao JN que José Silva "regressou ao trabalho há cerca de um mês" e que tem acesso "a tudo como dantes", estando inclusive "com muito trabalho em mãos". Ontem, o JN testemunhou a saída do homem conhecido como "toupeira do Benfica" do seu local de trabalho. Apanhou o autocarro para Fafe, como sempre faz. Como companheiro de viagem tinha Júlio Loureiro, outro arguido suspeito de ligação aos encarnados, através de Paulo Gonçalves, ex-assessor jurídico de Luís Filipe Vieira e também acusado no processo.
A SAD do Benfica também chegou a ser acusada, mas a juíza de instrução, Ana Peres, decidiu não pronunciar esta sociedade desportiva. Inconformado, o Ministério Público já recorreu para a Relação de Lisboa. Quer levar a julgamento a SAD e Júlio Loureiro, e que José Silva responda por mais crimes.
O JN questionou o Ministério da Justiça sobre eventuais medidas preventivas de acesso a computadores e ao sistema do Ministério da Justiça no âmbito do inquérito disciplinar interno aberto pelo Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça. Até à hora de fecho desta edição, não houve resposta.
Corrupção
José Nogueira da Silva está pronunciado pelos crimes de corrupção, violação do segredo de justiça, violação do dever de sigilo, acesso indevido e peculato. Paulo Gonçalves (na foto), ex-assessor da SAD do Benfica, é outro dos acusados.
Prendas e informações
Na acusação, o Ministério Público defende a existência de "uma teia de interesses" entre os funcionários judiciais José Nogueira da Silva e Júlio Loureiro com a Benfica SAD, que consistirá na disponibilização de informações sobre diversos processos, por parte dos funcionários judiciais, a troco de bilhetes e merchandising.
12 crimes são imputados a José Silva: corrupção passiva (um), violação do segredo de justiça (seis), acesso indevido (nove), violação de segredo (nove) e peculato (um).