Vítima foi agredida, durante 12 anos, por companheiro alcoólico, e impedida de sair à rua. Agressor já tinha sido acusado do mesmo crime.
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Uma mulher foi agredida ao longo dos últimos 12 anos pelo companheiro e, após cada episódio de violência doméstica, era obrigada a permanecer fechada em casa até que as marcas dos maus-tratos desaparecessem. Ameaçada de morte, não podia receber tratamento hospitalar, nem tão-pouco recorrer a ajuda dos vizinhos. Numa das vezes, o cativeiro durou 15 dias. O agressor, um alcoólico de 47 anos, chegou a ser acusado de violência doméstica pelo Ministério Público, mas beneficiou da suspensão provisória do processo. Regressou a casa e reincidiu. Até quarta-feira, dia em que foi detido, em Baião, pela GNR.
O detido é descrito pela Guarda como um "habitual consumidor de bebidas alcoólicas" que vai fazendo uns biscates na área da construção civil, nas imediações da sua residência, em Baião. Todo o dinheiro que ganha é, contudo, usado para a compra de bebidas alcoólicas, o que faz com que, diariamente, chegue a casa embriagado. Nesse estado, qualquer motivo, por mais fútil que seja, é justificação para agredir a mulher, também com 47 anos. No último episódio, por exemplo, esta foi violentamente atacada por, simplesmente, ter perdido um boletim de "raspadinha".
As agressões, com murros e pontapés, mas também com objetos que estivessem por perto, foram sempre muito graves, deixando a vítima com hematomas e lesões na cara e noutras partes do corpo. Para esconder os maus-tratos infligidos à companheira, o agressor trancava-a em casa até que todas as marcas desaparecessem e com elas as provas da violência.
Mesmo assim, em 2019, o operário chegou a ser acusado de violência doméstica e o caso chegou a tribunal. Porém, a vítima aceitou que o processo fosse temporariamente suspenso e que o agressor voltasse a casa. Os maus-tratos continuaram, assim, a ser uma prática regular.
Desta vez, os gritos da vítima alertaram os vizinhos do casal, que denunciaram o caso à GNR. O mesmo fizeram as técnicas da Segurança Social que acompanhavam o dia a dia daquela família. As queixas motivaram diligências levadas a cabo pelo Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas de Penafiel da GNR que, após a prova recolhida, procederam à detenção do agressor, na quarta-feira. Este foi interrogado no Tribunal de Penafiel e libertado. Tem de usar uma pulseira eletrónica e não pode aproximar-se da vítima.