O advogado da família do cidadão ucraniano assassinado em março de 2020 no Aeroporto de Lisboa afirma que a possibilidade de trazer a mulher e os dois filhos menores de Ihor Homeniuk para Portugal "seria excecional", tendo em conta a escalada de destruição e violência que se abateu na Ucrânia desde a semana passada. A reação surge após a Amnistia Internacional ter instado o Governo a ajudar a família a fugir do conflito.
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"Tenho falado todos os dias com a Oksana, a mulher [de Ihor Homeniuk], e ela está muito apreensiva, sobretudo por causa dos filhos, que estão a fazer alguma pressão para ficarem na Ucrânia", revela ao JN José Gaspar Schwalbach.
De acordo com o advogado, a filha mais velha de Oksana, de 15 anos, não quer sair do país e o mais novo, com dez anos, tem seguido o pensamento da irmã. Apesar de a família estar segura numa aldeia perto de Lviv, a situação pode rapidamente alterar-se. "Ela quer sair pela segurança, mas ao mesmo tempo ainda tem esperança que consigam dar a volta".
Se houvesse abertura por parte do Governo em ajudar a família, José Gaspar Schwalbach acredita que a sua retirada seria mais fácil. "Se houver essa possibilidade seria excecional", afirma o advogado, que já teve conhecimento das cartas enviadas pela Amnistia Internacional Portugal aos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna.
Para já, Oksana tem pedido que "rezemos todos por ela, pela família e por todos os ucranianos". José Gaspar Schwalbach garante que, apesar de Ihor Homeniuk ter sido assassinado em Portugal, o país "lavou a cara", condenou os inspetores do SEF e deu à família uma compensação muito generosa. "Não somos todos iguais e a Oksana sabe. Há muita gente que sempre esteve do lado dela e, agora, de todos os ucranianos. Portugal está vestido de azul e amarelo".
Esta quarta-feira, a Amnistia Internacional Portugal apelou ao Governo português que ajudasse a família de Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano morto por três inspetores do SEF no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, em março de 2020.
A organização que luta pelos direitos humanos pediu que se façam "todos os esforços" para que a mulher e os filhos fossem retirados do país de "forma segura" e que Portugal "seja disponibilizado como destino seguro".