Criou perfil falso no Instagram para levar menores a darem-lhe fotos e vídeos de cariz sexual. Treinava escalões de formação desde 1999 e está preso.
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O Ministério Público (MP) de Beja acusou um ex-treinador de escalões de formação de futebol de 12.248 crimes de pornografia de menores, sete dos quais agravados, e seis crimes de abuso sexual de crianças. O processo começou a ser investigado em abril de 2019 em Lisboa e levou à detenção do suspeito dois anos depois, em Beja.
O MP acredita que desde os 18 anos que João Paulo S. se dedicava a colecionar e a divulgar fotografias e vídeos de jovens dos dois sexos, na sua maioria menores de 14 anos, sendo visto como uma pessoa de personalidade distorcida e com um distúrbio sexual incontrolável. Ao longo de 2020, segundo o MP, o arguido criou uma página na rede social "Instagram" onde se fez passar por um menor, mantendo conversas e aliciando crianças ou jovens.
prisão preventiva
Responsável por um posto de abastecimento combustíveis na cidade de Beja e treinador de futebol na área da formação nas horas vagas, João Paulo foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) em maio passado e colocado em prisão preventiva.
Foi ao dar cumprimento a mandados de busca à sua residência que os inspetores da PJ aprenderam dezenas de discos rígidos, CD e outros dispositivos de armazenamento de dados que continham milhares de fotografias e vídeos de menores em poses de cariz sexual.
Na altura da detenção, João Paulo frequentava o Curso de Treinadores de Nível 2 ministrado pela Associação de Futebol de Beja e na sessão de 13 de maio de 2021 foi estranhada a sua falta, numa altura que a sua detenção, ocorrida dois dias antes, não era ainda conhecida.
O treinador estava a viver em Beja desde o início de 2020 e nos clubes por onde passou - o último em Ferreira do Alentejo, nunca existiram quaisquer suspeitas sobre condutas menos próprias com os menores, pelo que a surpresa foi geral após ter sido preso.
Pormenores
Seis clubes
Na sua página de Facebook o suspeito relatava que passou por seis clubes entre 1999 e 2018, sempre trabalhando com menores.
Cúmplice detido
No dia em que deteve o treinador, a PJ prendeu um seu alegado cúmplice, de 25 anos, que será julgado num processo autónomo.