Samuel Monteiro ("Samaritano") ficou em prisão preventiva, no caso da guerra de gangues nos bairros de Braga, assim como dois outros elementos conotados com o Grupo das Enguardas, Sandro Pinto ("Joelinho") e Rui Carvalho ("Fire"). Um transeunte, que nada tinha a ver com o conflito, foi baleado três vezes na rua quando ia para o carro.
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A Polícia Judiciária (PJ) de Braga deteve os principais suspeitos de uma onda de violência e insegurança ligada aos grupos das Enguardas, do Picoto e do Fujacal.
Para a PJ, decorridos dez meses do primeiro de uma série de tiroteios, em Braga, "os disparos não provocaram a morte das vítimas por mero acaso". Por trás estão disputas recorrentes de territórios, também relacionadas com o tráfico de drogas, e questões pessoais entre elementos dos dois grupos. Foram efetuadas cinco detenções e dezenas de buscas. Dois dos detidos foram libertados.
O primeiro caso aconteceu na noite de 5 de setembro do ano de 2020, quando jovens dispararam de dentro de um carro em andamento, na Praça dos Arsenalistas, o "coração" do bairro do Fujacal, atingindo três pessoas, uma delas, Nelson Macedo, um simples transeunte que se dirigia para o seu carro após uma festa de aniversário e que nada tinha a ver com a disputa. Foi atingido com três tiros.
Dois jovens, Henrique e Ricardo Jorge, esses sim visados pelos atiradores, foram também baleados. Várias crianças estavam na altura na zona e só por mero acaso nenhuma foi atingida.
Depois deste episódio sucederam-se outros envolvendo armas de fogo, por exemplo em março deste ano e na madrugada de 29 de maio, na zona dos bares académicos de Braga, ferindo um jovem.
Numa operação paralela, elementos da Diretoria do Norte da PJ atacaram o circuito que abastecia de armas estes gangues, entre outros. Foram detidos 12 suspeitos, incluindo Luís Lopes, conhecido como "Simpson" e apreendidas dezenas de armas de fogo ilegais e milhares de munições.
Foram todos libertados por um juiz, sujeitos a apresentações e outras limitações, à excepção de "Simpson" que teve de prestar uma caução de 100 mil euros para sair.
Para o Ministério Público, estas situações têm vindo a ocorrer numa "tentativa de controlo territorial" e de "afirmação da hegemonia" de um grupo em relação ao seu rival, o que se iniciou nas redes sociais, mas rapidamente passou para a rua, com tiros de armas de calibre de guerra, que "só por acaso não terminaram numa tragédia".