Quatro dos sete familiares com idades entre os 19 e os 63 anos, julgados no Tribunal de Sintra pelo homicídio do membro de outro clã, que tinha baleado num pé um dos arguidos, durante uma festa organizada na casa da vítima, em Algueirão, Mem Martins, foram condenados por homicídio e posse de arma ilegal. As penas vão de oito anos e nove meses para um menor de 17 anos até 18 anos e meio de cadeia.
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Foi no dia 1 de novembro de 2020 que a vítima, Ismael Domingos juntou diversos familiares num pátio situado em frente à sua casa, em Algueirão. A confraternização, que juntou pelo menos 20 pessoas, estava marcada para a hora de almoço e prolongou-se pela tarde e noite dentro. Durante a festa, Fernando R., também conhecido por "Mouro", e Ismael protagonizaram uma discussão que terminou com agressões mútuas.
Para se vingar, Ismael foi ao interior da sua casa para ir buscar uma caçadeira ilegal e balear num pé "Mouro", que foi acusado de homicídio mas acabou absolvido. Esta vítima deslocou-se ao hospital Professor Doutor Fernando da Fonseca, na Amadora para receber assistência, mas antes foi ao Bairro Coopalme, em Mem-Martins, para alertar os seus familiares sobre o sucedido.
Lá, os familiares terão formulado o propósito de vingança. Tinham que ir à casa de Ismael e matá-lo a tiro. Enquanto "Mouro" foi ao hospital, os arguidos Luís F., José F. José Eduardo F.(irmãos) e José Eduardo V.F. (pai) "acederam ao pedido formulado pelo arguido Fernando Ramiro e formularam, também eles, o propósito de vingar a agressão por este sofrida, causada por Ismael Domingos, matando este último".
Levaram uma vara de madeira com um ferro na ponta, uma pedra e uma espingarda caçadeira. Com eles levaram a mãe de Emanuel que ficaria de vigia e para impedir que a mulher da vitima o ajudasse.
Casa destruída
Cerca das 23.40 horas, chegaram à casa de Ismael e agrediram-no com a vara de madeira e a pedra. Luís F., munido da espingarda caçadeira, apontou em direção a um dos pés de Ismael Domingos e premiu o gatilho, mas não conseguiu atingir a vítima. Num segundo disparo, já conseguiu alvejar a vítima. De seguida, os dois começaram a disparar para todo o lado para destruir a casa.
Os outros familiares abeiraram-se da vítima e agrediram-na com a vara e com a pedra, antes de se irem embora. Com a chegada das autoridades, os indivíduos desapareceram durante meses e só a investigação da Polícia Judiciária permitiu localizá-los um a um para que fossem colocados em prisão preventiva. O último foi preso a 6 de maio do ano passado.
Contactado pelo JN, Gil Balsemão, advogado de três dos arguidos disse ao JN que ia recorrer. "Vou recorrer da parte do José F. por achar a pena excessiva e por entender que a qualificação de homicídio qualificado deveria passar para simples. Da parte do filho deste, o jovem de 19 anos, não se fez prova da intervenção deste nos factos que originaram o crime", afirmou o advogado.