Sete jovens foram condenados, nesta quinta-feira, a penas de prisão efetiva entre os sete anos e nove meses de prisão e os três anos e três meses de prisão, por mais de uma dezena de assaltos, vários deles com violência, em Gaia.
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Dos nove arguidos levados a julgamento pelos assaltos em Vila Nova de Gaia, apenas um deles, que está preso preventivamente, mas no âmbito de outro processo, viu o tribunal condená-lo numa pena de prisão suspensão. Uma arguida foi absolvida.
Três dos condenados, Nuno Paiva, Daniel Salles e Rafael Silva, tinham recentemente sido condenados a penas de prisão efetiva no processo em que, além de furtos e roubos, agrediram o zelador do agora presidente do F. C. Porto, André Villas-Boas.
“Não foi por serem jovens. Foi por serem maus”, disse o juiz Pedro Madureira, no Tribunal de S. João Novo, no Porto, ao justificar a não suspensão das penas de sete arguidos. O magistrado diz que estes praticaram “factos muito graves". "Durante quatro, cinco, seis meses, andaram descontrolados”, descreveu. Dezanove crimes chegaram ao tribunal, mas o juiz imagina que foram muitos mais. “Havia um gangue que se divertia a assaltar pessoas e se aproveitava da superioridade numérica”.
“Ser jovem não justifica”
A idade não serviu de atenuante. “O facto de ser jovem não justifica ser mau, não justifica ser cobarde. Assaltar com facas, com superioridade numérica, não é de ser jovem. É de ser mau. É de ser pessoas sem formação, e isso é inadmissível, e o tribunal não pode tolerar estes comportamentos”, censurou o juiz.
O juiz explicou que, na medida das penas, teve em conta a utilização de violência a existência de antecedentes criminais e a confissão dos factos. As penas variaram entre os sete anos e os nove meses de prisão e os três anos e três meses de prisão. Um dos arguidos, que até está em prisão preventiva por causa de outro processo, teve a pena de dois anos e meio suspensa. Dois dos arguidos beneficiaram da redução de um ano por causa da amnistia papal.
Os três arguidos já condenado pelas agressões ao zelador foram condenados a penas entre os quatro anos e três meses e dois anos e nove meses, sendo que agora terá de ser feito novo cúmulo jurídico para agregar as penas dos dois processos.
Suspender penas seria “mau sinal”
A efetividade das penas foi justificada pelo “sentimento de insegurança que estava nas ruas e que só é combatido desta forma”. “Como vocês, há muitos grupos, a violência juvenil está-se a instalar. Neste momento, parece que é: juntarem-se, mostrarem umas facas e 'vamos partir tudo'. Não é assim que funciona”. Se as penas fossem suspensas, disse, estaria a dar-se um “mau sinal”.
As penas efectivas vão dar aos arguidos “tempo para pensar, para refletir como funciona". "Pensem nas vítimas. Ponham-se no lugar de quem está na rua e que, porque sim, lhe apontam uma faca e desatam a bater para o roubar”, apelou o juiz Pedro Madureira.
Roubos no dia de Natal
Os crimes ocorreram entre setembro de 2023 e abril do ano passado. No dia de Natal, fizeram dois assaltos em menos de uma hora. Sob ameaça de uma navalha, roubaram as carteiras e algumas moedas a um casal no Jardim do Morro, em Gaia. Uma hora depois, na Estação de Metro de Santo Ovídio, cercaram um homem e roubaram-lhe da mochila a carteira, uns auriculares e o telemóvel que depois partiram. Antes, forçaram a vítima a dar-lhes os códigos de acesso ao telemóvel e MBWay, tendo conseguido levantar 400 euros.
O grupo estava ainda acusado de três assaltos ao final da tarde da véspera de Ano Novo nas imediações de estações de metro de Vila Nova de Gaia. Num outro roubo, no Cais de Gaia, a vítima conseguiu esconder-se numa embarcação. Porém, os assaltantes estavam à sua espera e, quando saiu, meia-hora depois, foi agredido e roubado. Com o seu cartão, os ladrões levantaram dinheiro e fizeram compras num prejuízo total de 2456 euros. Segundo a acusação, no total terão conseguido lucrar perto de 6500 euros com os crimes.