José Souza, 59 anos, foi atacado com uma faca elétrica e com pancadas na face e no pescoço, em setembro de 2019. Morreu na fábrica de bolas de Berlim de que era dono, em Albufeira. Um tribunal de júri começa a julgar, esta terça-feira, em Portimão, dois suspeitos acusados de homicídio qualificado e omissão de auxílio.
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Segundo a acusação, a que o JN teve acesso, os dois arguidos, de 40 e 43 anos, entraram na fábrica de madrugada e foram surpreendidos por José Souza. O empresário, de nacionalidade brasileira, ainda tentou defender-se, mas foi agredido e caiu ao chão. Os arguidos ataram-lhe as mãos e os pés com fita adesiva, que também utilizaram para enrolar à volta do pescoço e da cara, tapando-lhe a boca e impedindo-o de respirar. “Comprimiram-lhe ainda o pescoço com as mãos e os braços”, acabando a vítima por morrer em resultado de “asfixia por compressão externa do pescoço”, refere o Ministério Público (MP). Roubaram 16 mil euros, o telemóvel e as chaves da fábrica e da casa da vítima e puseram-se em fuga.
José Souza sofreu “múltiplas lesões, nomeadamente cervicais”. Foi deixado para morrer, caído na fábrica. Depois, os suspeitos vasculharam as divisões da fábrica e também da zona que a vítima utilizava para viver e guardar o estabelecimento. À saída, atiraram o telemóvel da vítima para um terreno próximo.
Um dos suspeitos já ali tinha trabalhado em 2017, “tenho conhecimento que a vítima, na altura do ano em causa, se encontrava diariamente na fábrica a confecionar bolas de Berlim”. Por isso, segundo o MP, o plano para roubar o empresário foi traçado ao pormenor. Os dois homens já estavam munidos de todos os objetos que lhes permitiram imobilizar a vítima.
Apesar de terem utilizado luvas, os vestígios biológicos que José Souza tinha nas unhas foram fundamentais para chegar aos suspeitos. O homem resistiu e lutou, tendo ficado com vestígios de pele nas unhas, que pertenciam a um dos arguidos. Os exames periciais permitiram à Polícia Judiciária (PJ) do Sul apurar a identidade do arguido, mas só foi possível detê-lo quatro anos depois, no regresso a Albufeira, onde residia, após ter fugido para Lisboa.
Ainda de acordo com a acusação, a fábrica de bolas de Berlim “Triunfo Instantâneo”, de que a vítima era proprietária, permitia ao empresário brasileiro José Souza ter um rendimento diário “entre 10 e 15 mil euros”. O MP requereu um julgamento por tribunal de júri, composto por três juízes de Direito e quatro jurados efetivos e quatro suplentes.