O agente de futebol César Boaventura que está a ser julgado por crimes de burla qualificada, fraude fiscal, falsificação de documentos e branqueamento de capitais no Tribunal de São João Novo foi libertado pelo coletivo de juízes, após cerca de dois anos de prisão preventiva e domiciliária.
Corpo do artigo
O homem quebrou o silêncio durante a sessão de julgamento. Reconheceu “alguns” dos factos da acusação, mas apresenta uma narrativa.
A começar pelo caso que envolve Marco Aurélio, empresário que lhe reclama 1,5 milhões de euros. O arguido contou que foi Marco Aurélio quem o abordou, procurando ajuda para negociar um jogador do Trofense. Seria a única maneira de Aurélio receber 600 mil euros que alegadamente havia emprestado a esse clube.
Boaventura diz que acedeu, responsabilizou-se pela dívida e arranjou um clube francês interessado no atleta. Só que, alega, Marco Aurélio esqueceu-se de lhe dizer “que o jogador tinha uma perna partida”. E o negócio gorou-se.
Aurélio terá admirado a rapidez e os contactos de Boaventura e propôs-lhe sociedade numa empresa a criar, para o negócio de futebolistas. Ele entrava com o dinheiro e Boaventura com o seu saber. Agora, Aurélio diz ter ficado sem 1,5 milhões de euros e Boaventura afirma não ter ganho nada.
O tribunal ainda tem uma testemunha para ouvir e prevê-se que as alegações finais do processo se realizem no próximo dia 10 de janeiro.
Além deste julgamento, César Boaventura enfrenta outra acusação por corrupção. Terá tentado comprar três jogadores do Rio Ave e outro do Marítimo na época 2015/2016, oferecendo-lhes luvas até 100 mil euros ou um contrato com salário de 300 mil euros anuais, para “facilitarem” em jogos frente ao Benfica.
Embora explique que as tentativas de corrupção poderiam beneficiar o Benfica, o Ministério Público não encontrou indícios de que Boaventura tenha sido incumbido de “comprar” os atletas por alguém da estrutura encarnada. Por isso, as suspeitas contra a Benfica SAD foram arquivadas