Os juízes do Tribunal São João Novo, no Porto, deram ontem como indiciado que Iara e Marcos Gonçalves, filhos do membro da claque Super Dragões conhecido por Marco “Orelhas”, participaram no ataque, à facada e a tiro, a amigos de Igor Silva, o adepto assassinado na festa do título portista em 2022.
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Mas, concluíram os mesmos magistrados, aquele ataque não resultou em “perigo de vida” para as vítimas, pelo que os irmãos e outros dois jovens também acusados de tentativa de homicídio só vão responder, afinal, por crime de ofensas à integridade física.
A desqualificação jurídica do crime foi conhecida no dia em que seria lida a sentença sobre os acontecimentos da noite de São João em 2023. A sentença, devido a esta mudança e à de alguns factos descritos na acusação, foi adiada para o próximo dia 25.
Nessa data, vai saber-se se os irmãos Gonçalves, Adolfo Monteiro (namorado de Iara) e Raquel Rocha são culpados, mas é já certo que se livraram de uma pena por tentativa de homicídio. No pior dos cenários, serão condenados por ofensas à integridade física, crime com uma moldura penal mais leve.
Na comunicação a arguidos e advogados, os juízes deram por indiciado que Raquel Rocha se envolveu, no arraial no Jardim da Corujeira, em confrontos com Jéssica Amorim, amiga de Igor Silva. Diogo Amado, namorado de Jéssica, também foi atingido a murro, a pontapé e com uma faca com dez centímetros de lâmina pelo grupo agressor, que ameaçou, em alusão a Igor Silva: “Vais ter com o preto!”.
Jéssica e Diogo fugiram para casa, ali perto, mas esqueceram-se da chave na porta e, quando regressaram ao exterior para a recuperar, foram provocados por Marcos Gonçalves, que os tinha seguido.
O pai de Jéssica, Manuel Amorim, saiu à rua para levar a filha para casa. Mas, quando estava de costas e a cerca de dois metros de Adolfo, “este, sem qualquer motivo, com o propósito de o atingir na sua integridade física, apontou a pistola que trazia consigo e disparou, atingindo Manuel Amorim na coxa”.