O Tribunal de São João Novo vai chamar mais dois vigilantes da SPDE que não estavam originalmente arrolados para testemunhar. O pedido foi feito pela advogada de Fernando Saúl, para esclarecer o modo como Henrique Ramos saiu do Dragão Arena, após ter sido agredido na Assembleia Geral Extraordinária do F. C. Porto.
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Ricardo Rocha, vigilante da SPDE, assegurou esta manhã de quinta-feira que, depois de ser retirado do ringue, Henrique Ramos esteve sempre acompanhado por seguranças da SPDE que o levaram até uma saída através de um corredor técnico. “Tenho ideia de que não queria muito sair dali”, confessou. Questionado pela juíza, o vigilante admitiu que não foi ele a acompanhar o sócio, mas sim dois colegas.
A advogada de Fernando Saúl requereu então que fossem chamados os dois vigilantes que teriam acompanhado Henrique Ramos à saída para atestar, sem qualquer dúvida, que este não fora mais alvo de agressões após a altercação na bancada.
No requerimento, Cristiana Carvalho recordou que, já na fase do inquérito, a própria vítima teria admitido que não fora agredido por Saúl, ex-oficial de ligação de adeptos. Mesmo assim, para que não restasse qualquer dúvida, ao saber quem teriam sido os dois vigilantes a acompanhar Henrique Ramos, requereu que os mesmos fossem ouvidos e ainda solicitou que fosse pedido à SPDE quem foram exatamente os elementos que nunca deixaram Henrique Ramos sozinho depois das altercações no Dragão Arena. “A justiça tem de ser feita e não pode deixar qualquer dúvida”, explicou.
A advogada do F. C. Porto não se opôs, mas pediu para que os dois vigilantes não fossem ouvidos no grupo das testemunhas de acusação para não atrasar mais os trabalhos. A juíza deferiu o pedido da advogada de Fernando Saúl, esclarecendo que “oportunamente seria designada uma data para a inquirição das duas testemunhas”.
Ricardo Rocha, que esteve de serviço junto à mesa da Assembleia Geral, relatou que, naquela noite, houve conflitos entre sócios, “entre todos”. O vigilante apercebeu-se de “Fernando Madureira e um senhor careca, a gesticular, de forma agressiva, em discussões mais acesas com adeptos, mas não viu nada de grave”. Admitiria depois, que era comum ver “Macaco” desse modo, “de forma apaixonada”, nos jogos do clube.
“Eu estar ali ou estar um vaso era igual”, lamentou Luís Silva. O vigilante da SPDE disse ao tribunal que soube através do rádio de um colega que a assembleia ia mudar para o Arena. “Fomos a correr por dentro do estádio. Meteram-me à porta e disseram: ficas aqui. Eu fiquei”, contou.
Tinha instruções para verificar as pulseiras, mas não conseguiu. “Mal abrimos as portas, entraram todos. Levámos com as portas em cima. Não consigo precisar quantos era ou se tinham ou não pulseira”.
Polícia mostrou imagens e apontou quem terá aberto a porta
Luís Silva soube que, depois, abriram uma outra porta, mas não a viu ser aberta porque foi nas suas costas. “Não me apercebi. Soube depois porque, na polícia, me mostraram as imagens”, relatou. Questionado sobre se sabia quem tinha aberto a porta, disse que lhe apontaram as pessoas, mas “não as consegui identificar”.
Apesar de ser diretor de segurança, Luís admitiu que não estava a conseguir exercer as funções. Questionado sobre o que mudaria, o vigilante disse que “mudava tudo”. “Como diretor de segurança, solicitava à mesa para cancelar de imediato a assembleia por não existirem condições de segurança ou solicitava a presença de autoridade policial”, explicou.