Relação do Porto confirma 11 anos de prisão para autor do massacre de Vila Fria. Cúmplices também vão ficar presos.
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Dois casais foram condenados por traficar heroína na cadeia de Coimbra. Só num mês e meio, o cabecilha lucrou mais de 16 mil euros. Rui Mesquita Amorim, preso desde 1995 por ter morto à facada os tios e o primo, no caso que ficou conhecido como o massacre de Vila Fria, Viana do Castelo, foi condenado a 11 anos de prisão e a pagar cinco mil euros ao Estado, confirmou agora o Tribunal da Relação do Porto. A namorada do líder e outro recluso apanharam sete anos, e a mulher desde último terá de cumprir cinco anos e quatro meses de prisão.
O esquema começou a ganhar forma em 2017. Numa saída precária, Rui, hoje com 48 anos, procurou Fernando Borges, "Trico", que conhecera na cadeia, e comprou-lhe grande quantidade de heroína. Depois, recorreu à namorada, natural do Porto, e a outro casal para introduzir a droga na cadeia. Assim, o líder nunca estaria ligado diretamente ao negócio de compra e venda na prisão.
Durante outra precária, a 1 de julho de 2018, Rui entregou heroína e produto de corte à companheira, instruindo-a sobre como preparar, "cortar" e embalar o produto. Três dias depois, a mulher entregou-lhe duas embalagens em forma de chouriço com 30 gramas de heroína cada. Acordaram que ela ia receber na sua conta bancária transferências de reclusos e familiares para pagar a droga. Ela levantaria o dinheiro e escondê-lo-ia para depois lho dar.
16 mil euros em seis semanas
A investigação da Polícia Judiciária (PJ) identificou transferências no valor de 11 315 euros entre 31 de julho e 17 de setembro de 2018 e ainda um envio de cinco mil euros em dinheiro, que a mulher depois levou a casa dos pais de Rui.
Em dezembro, Rui disse à namorada para enviar por correio, dois "chouriços" de heroína à mulher de outro recluso, em Aveiro, para esta os introduzir na cadeia. Ela assim fez. Porém, a PJ já estava no seu encalço. Quando a cúmplice entrou na cadeia para visitar o marido, foi parada e revistada. Levava na vagina uma embalagem de 29 gramas de heroína envolta num preservativo. Em casa ainda tinha outra embalagem igual.
Em fevereiro de 2019, a investigação foi atrás de Rui e da companheira. Em casa dela encontrou 11 140 euros em dinheiro, 725 gramas de heroína e quase um quilo de paracetamol e cafeína para "cortar" a droga. Numa busca à cela de Rui foram apreendidas uma agenda com a contabilização das vendas e dos depósitos bancários e uma fotocópia da notícia da detenção da cúmplice.
Em novembro de 2019, após julgamento no Tribunal de São João Novo, no Porto, os dois casais foram considerados culpados do crime de tráfico de droga agravado. Rui Mesquita Amorim e a companheira foram também condenados pelo crime de branqueamento. As penas oscilavam entre os cinco anos e quatro meses e os onze anos de prisão.
Os quatro arguidos recorreram para a Relação do Porto, mas, a 18 de março, os desembargadores rejeitaram os recursos e mantiveram as penas decretadas.