O Tribunal de Braga condenou, hoje, um cidadão ucraniano a um ano e seis meses de prisão, suspensos por igual período, pelo crime de incitamento ao ódio e à violência na pessoa de uma comerciante russa com loja em S. Vicente, Braga.
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O coletivo de juízes absolveu os outros seis arguidos que foram julgados pela prática do mesmo crime.
Yuriy Petko ficou ainda obrigado a indemnizar a vítima em 750 euros. O seu advogado, Rui Marado Moreira, disse ao JN que vai recorrer da condenação para o Tribunal da Relação de Guimarães. "Ficou provado que, dentro da loja nada de grave se passou", argumentou.
O coletivo de juízes deu como provado que o arguido postou no seu mural do Facebook um vídeo em que era visível que o grupo de sete ucranianos foi, em 7 de março de 2002, à loja Troika, da comerciante Natalya Sverlova, invetivando-a devido à invasão russa da Ucrânia, ocorrida dias antes.
Os juízes consideraram que tal visou incentivar ao ódio contra a imigrante russa e os russos em geral.
Em julgamento, Yuriy disse que pôs o vídeo mas retirou-o 12 horas depois, logo que se apercebeu de que havia motivado diversas publicações contra a comerciante e os russos e, em sentido inverso, de imigrantes russos contra ucranianos.
Os juízes absolveram os restantes seis ucranianos, entre eles um sacerdote, por considerarem que as expressões que usaram quando entraram na loja, embora desagradáveis, ficaram dentro dos limites da "liberdade de expressão" que a Constituição portuguesa consagra como um direito.
O grupo estava pronunciado por ter ameaçado e importunado a comerciante russa dentro da sua loja, exigindo-lhe que lhes vendesse ou retirasse da parede uma bandeira da antiga União Soviética. A acusação dizia que, a 7 de março de 2022, e para se vingarem da invasão russa de 24 de fevereiro, foram à loja, e disseram-lhe que era “uma p..!” e que devia “voltar para a sua terra”. Depois, publicaram um vídeo no Facebook, o que originou vários comentários de ódio de outros ucranianos.