PJ prende três inspetores suspeitos de agressão que causou morte de ucraniano no Aeroporto de Lisboa. Vítima simulou ataque epilético para evitar expulsão.
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O cidadão ucraniano, de 40 anos, que morreu nas instalações do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), no Aeroporto de Lisboa, terá sido torturado durante uma hora por três elementos daquela polícia, detidos na segunda-feira pela Polícia Judiciária (PJ). A vítima terá sido espancada até à morte por ter tido atitude provocatória para com o trio de inspetores, de 42, 43 e 47 anos. Também simulou uma doença, na tentativa de evitar a expulsão do território nacional. Os diretores do SEF, colocados no aeroporto, já foram demitidos.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, o cidadão ucraniano chegou a Portugal enquanto turista, vindo de um voo da Turquia, no dia 10 de março.
Na alfândega, apresentou um visto de turismo que pareceu suspeito aos inspetores do SEF de serviço naquele dia. O homem foi conduzido para uma sala, onde esperou a ordem para ser repatriado para a Turquia.
O indivíduo - que estaria descompensado devido a dependência de álcool - recusou entrar no primeiro avião disponível para regressar a Istambul e não acatava ordens dos inspetores. Insistentemente, terá ainda provocado os elementos do SEF. O homem ficou de aguardar pelo próximo voo com destino à Turquia, mas alegou sentir-se mal.
Ainda de acordo com o que foi possível apurar, o homem atirou-se ao chão, aparentemente devido a violentas convulsões. Perante um quadro clínico que aparentava ser uma crise de epilepsia, foi para um hospital em Lisboa.
Sem doença
Na unidade de saúde, depois de ter recebido cuidados médicos, realizou uma série de exames que afastaram a possibilidade de ter sofrido um ataque epilético. Tudo indicava que o indivíduo simulou a doença para tentar evitar a expulsão.
Depois, regressou para a enfermaria do Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária do Aeroporto de Lisboa.
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Foi já na noite do passado dia 11 que, naquele local desprovido de sistema de videovigilância, os três inspetores terão agredido o homem. A tortura terá demorado cerca de uma hora até os três elementos do SEF saírem do local. Acabaram o turno, abandonando o indivíduo sem lhe prestar quaisquer cuidados médicos e regressaram a casa.
O homem foi encontrado em agonia, no dia seguinte, por outros inspetores, que alertaram os socorros e o Ministério Público.
Foi depois de ter sido realizada a autópsia médico-legal, no dia 14, revelando sinais de grande violência na morte, que o caso transitou para a PJ para investigação. Após interrogatório, os três foram colocados em prisão domiciliária.