Condutores criticaram a falta de utilidade do controlo. Houve carros apanhados sem inspeção.
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Centenas de viaturas foram mandadas parar aleatoriamente, sábado de manhã, na Ponte 25 de Abril, em Lisboa. Vários agentes da PSP estiveram a controlar o cumprimento das restrições impostas às deslocações entre concelhos, numa ação essencialmente pedagógica e de sensibilização para a importância do confinamento. Na operação que o JN acompanhou, nenhum condutor teve de voltar para trás, mas vários criticaram as "restrições à liberdade" e o "aparato" da operação que alguns consideraram "desnecessária".
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Quem se deslocava de Lisboa para Almada teve de abrandar na entrada da Ponte 25 de Abril, numa das várias ações de fiscalização realizadas durante o dia pela PSP. A maioria deslocava-se para consultas médicas ou em trabalho, mas também houve quem viajasse para praticar desportos ou visitar familiares. Numa ação que se esperava que fosse apenas de sensibilização, muitos acabaram por ser multados por falta de documentos, inspeção do carro e até carta de condução.
Frederico Sousa, sem inspeção do carro há quatro anos, foi um deles. Já conformado com a multa de 250 euros, criticou a proibição da circulação entre concelhos. "Não faz sentido nenhum. Houve uma concentração de pessoas no evento da Fórmula 1, na Nazaré e no 1º de Maio e nada foi feito. Estas operações são só para restringir a nossa liberdade, não percebo este aparato todo", disse o condutor. Nélson Pessoa, que já tinha estado três horas parado na 25 de Abril numa operação semelhante na sexta-feira, sente o mesmo.
"Isto é inadmissível. Ontem, a maioria das pessoas que foram mandadas parar deslocavam-se em trabalho. E os eventos, no Algarve e na Nazaré, não foram proibidos", criticou. Cláudio Inácio, que viajava em trabalho, partilhou o mesmo.
"Está a ser demais tanto controlo e acho que não está a resultar no combate à pandemia. Esta ação é desnecessária, há outras mais importantes", considera. Andreia Coimbra, também em trabalho, disse mesmo que a operação parecia "uma caça à multa".
Já Zofia Tomczyñska, que se deslocava de Odivelas para a Costa da Caparica, para levar os filhos a casa do pai deles, concordou com as restrições. "Não sendo possível através da sensibilização, tem de ser através do medo. Não é o ideal, mas por vezes é necessário. Só com conselhos não vamos lá", acredita.