A fuga de Pedro Dias deixou povoações da região de Arouca em sobressalto, com a possibilidade de se encontraram com o homem, suspeito de matar duas pessoas, um GNR e um civil.
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"Andávamos com medo até de ir apanhar erva para as vacas. Uma vizinha minha desatou a fugir, na quinta-feira, quando viu o carro do carteiro", confessou Custódia Pinho Peralta, nascida e criada, há 71 anos, na aldeia da Póvoa das Leiras, em plena serra da Freita, local onde o suspeito da matança em Aguiar da Beira, Pedro Dias, abandonou a pick-up que utilizou para fugir desde a madrugada de terça-feira.
Custódia Peralta referiu que a serra tem muitos sítios onde o fugitivo se podia esconder, mas desconfia de que o "Piloto" não aguentava o frio e a chuva que se têm feito sentir. "Decerto que tem amigos que o ajudam. Mas não descansamos enquanto ele não aparecer, pois a GNR já deixou de passar por aqui", sublinhou a moradora.
Outro morador, que pediu para não ser identificado, considerou que Pedro Dias "dificilmente se aguentaria com este frio e a chuva e aqui não tem amigos que o ajudem". "Já deve estar longe ou abrigado e nós estamos a retomar as nossas vidas", referiu.
Apesar de a serra ser pródiga em locais onde o fugitivo se poderia esconder, a verdade é que os incêndios do verão passado deixaram as encostas negras e sem a luxuriante vegetação que permitiria a Pedro Dias movimentar-se à vontade.
"Ele conhece bem a zona e até tinha um negócio marcado para a passada segunda-feira aqui no Candal. O mais natural é que na terça-feira, após ter fugido à GNR, se tenha escondido e, quando o dia raiou, desceu o rio e saiu em Covelo de Paivô (a menos de quatro quilómetros). Sabe-se lá onde estará agora", sublinhou Mário Marques, de 74 anos, que divide o seu tempo entre a aldeia onde nasceu e França.
E medo, diz, "é coisa que por aqui ninguém tem". Porquê? "Já estamos habituados aos lobos - que há dois dias mataram duas vacas - e aos javalis", responde. Confessa, no entanto, que foi difícil adormecer na madrugada de quarta-feira, "pois a GNR andou toda a noite a vasculhar os montes".