Velho conhecido da PJ detido em entrega controlada de cocaína em sacos de areia para gato
Uma entrega controlada de 200 quilos de cocaína escondidos em areia de gato comprada do Brasil permitiu à Polícia Judiciária deter, na quarta-feira, um importante traficante português que, há anos, estava referenciado pelas autoridades.
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B. R., de 48 anos e residente em Odivelas, foi apanhado nas imediações de um armazém isolado do Bombarral, em Leiria, a monitorizar a descarga de 6200 sacos importados por uma empresa de fachada, de Gondomar.
Esta firma, apurou o JN, foi criada há cerca de um ano, era gerida por um guineense que não passava de um testa de ferro, não dispunha de instalações e não registou qualquer atividade até há cerca de um mês. Nessa altura, encomendou uma grande quantidade de farinha a uma empresa brasileira, que viria para Portugal num contentor marítimo, através do porto de Vigo, em Espanha.
O negócio levantou suspeitas, que se adensaram quando, pouco tempo depois, a mesma empresa, que tem apenas um apartado de Gondomar, importou, também no Brasil, mais de 25 toneladas de areia sanitária para gatos.
Tal como delineado para a encomenda de farinha, o contentor com areia para gatos seria descarregado no porto de Vigo, mas o desalfandegamento estava marcado para o Freixieiro, em Matosinhos.
Apanhado a controlar descarga
A estratégia visava ludibriar a Polícia, mas uma fiscalização das autoridades espanholas ao contentor detetou cocaína entre a areia para gatos e a informação foi partilhada com a PJ do Porto. Seria, então, combinada uma entrega controlada da droga, com os espanhóis a seguirem o contentor, já transportado de camião, até à fronteira e a PJ a assumir a vigilância do lado de cá.
E foi assim que, na quarta-feira, os inspetores acompanharam o camião até a um armazém isolado situado numa zona rural do Bombarral e, já com o contentor descarregado, detiveram o homem, de 50 anos, que tinha arrendado o espaço e que estava no local.
Os inspetores detiveram, na mesma ocasião, um segundo suspeito, visto nas imediações do armazém a controlar a chegada do contentor. E ficaram surpreendidos quando apuraram a sua identidade. Tratava-se de B. R., suspeito de vários crimes, incluindo associação criminosa, mas conhecido sobretudo pelas ligações ao tráfico de droga.
B. R. era, aliás, há muito procurado pelas autoridades policiais portuguesas, mas a discrição e cuidados que evidenciou ao longo de anos mantiveram-no fora da cadeia. Até agora. Após duas noites na cela, B. R. vai ser levado, nesta quinta-feira, a tribunal para ser sujeito a primeiro interrogatório judicial. No final, o juiz vai decretar as medidas de coação.
Droga como grãos de areia
A investigação irá prosseguir, porque a PJ suspeita que esteja a funcionar um laboratório clandestino de cocaína na zona de Leiria. Isto porque a cocaína encontrada nos sacos oriundos do Brasil estava na forma pasta base, para que tivesse o formato de pequenas bolas semelhantes aos grãos da areia com que estavam misturadas.
E para que possa ser consumida como cocaína esta pasta base tem de ser submetida a um processo químico só possível através de laboratórios como o que, em dezembro do ano passado, foi desmantela pela PJ, na Lourinhã.