Homem "simpático" e "bem-educado" apelou a donativos para substituição de viatura queimada em fogo que ateou. Já está em prisão preventiva.
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O eletricista de Valongo detido pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeita de ter ateado 30 fogos florestais, incluindo o que veio a atingir um abrigo para animais em Santo Tirso, matando 73 cães e gatos, partilhou na sua página de Facebook um apelo para uma angariação de fundos para os Bombeiros Voluntários de Valongo, dias antes de ser detido. Está desde quinta-feira em prisão preventiva.
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Para quem o conhecia, Rui Dias, de 29 anos, passava a imagem de um homem "simpático" e "bem-educado", escondendo a vida dupla criminosa que levava. Mesmo mantendo uma atividade laboral regular, percorria de carro as zonas de mato em Valongo e Baltar (Paredes) e, em pouco mais de um mês, terá ateado 30 incêndios, sempre em locais próximos de casas ou zonas industriais. Por isso, mais perigosos.
O apelo para a angariação de fundos destinados aos Voluntários de Valongo, que foi partilhado por Rui Dias às 23.36 horas do passado domingo, dia em que aquela corporação viu uma viatura sua ser destruída pelas chamas e três bombeiros feridos, durante o combate a um incêndio florestal em Sobrado que terá sido por ele ateado. A corporação, como outras da região, tinha acabado de viver um mês de julho terrível por causa dos fogos supostamente da responsabilidade de Rui Dias
Surpresa para vizinhos
A detenção de Rui Dias colheu de surpresa os vizinhos do prédio onde vive com os pais, próximo do centro de Sobrado, Valongo, apesar de a PJ do Porto indicar que o detido tem antecedentes criminais por incêndios florestais. Terá sido detido, há três anos, e libertado.
Quando anunciou a sua detenção, a PJ destacou as precauções que Rui Dias tomava na preparação e execução dos fogos e a dificuldade em apanhá-lo em flagrante, como viria a acontecer. Tal como tentava enganar as autoridades, com manobras de condução "evasivas" e vigilância constante, Rui Dias também terá iludido quem o conhecia há muito.
"É cinco estrelas"
Recusando identificar-se, dadas as boas relações que mantêm com a família, vizinhos retratam-no como uma "pessoa pacata". "Fiquei surpreendida. Ele é cinco estrelas, assim como toda a família. Muito trabalhador, educado e simpático. Aqui, nunca se constou nada", referiu uma moradora.
Um amigo da família recorda que Rui Dias "teve problemas há dois ou três anos" e que terá "trabalhado algum tempo no estrangeiro". No entanto, o mesmo amigo não hesita em afirmar que ele "tem de ser castigado", caso se prove a sua culpa. "O que aconteceu não se admite e temos de nos lembrar dos animais que morreram queimados, do carro dos Bombeiros de Valongo que ficou destruído e dos três bombeiros feridos. Se fez, tem de pagar", concluiu.