Videntes que sacaram 290 mil euros a dois “crentes” condenados a penas suspensas
O Tribunal de Braga condenou, esta segunda-feira, dois videntes que sacaram um total de 290 mil euros a duas vítimas, a penas de cinco anos e quatro anos e 11 meses de prisão, mas suspendendo-as na sua execução. Em causa estão crimes de burla qualificada.
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Os arguidos ficaram, ainda, sujeitos ao chamado “regime de prova”, bem como a apresentações bissemanais na PSP, enquanto o acórdão não transitar em julgado. Terão, ainda, que pagar 38 mil euros, a uma das vítimas, um homem de Barcelos, que lhes terá pago essa quantia para que praticassem atos de astrologia.
O coletivo de juízes mandou, ainda, extrair certidão-crime contra a outra queixosa, Maria, de 65 anos, de Barcelos, por suposta burla. O tribunal quer que se investigue se a vítima andou a pedir dinheiro emprestado a outras pessoas, com argumentos falaciosos, supostamente para os entregar aos dois arguidos.
Os arguidos estava em prisão preventiva, em Braga, mas foram hoje soltos.
Cote Quebe ( de alcunha Madi), de 32 anos e residente em Ermesinde, e Keita Salifou, (conhecido como Nadi), morador em Gaia, ambos com desempenho em “trabalhos de astrologia”, foram julgados por, em 2018, terem, supostamente, burlado a mulher de Barcelos, que recorreu aos “serviços” por eles prestados. A seguir terão burlado outro morador de Barcelos, António. A acusação diz que os terão burlado em 339 mil euros, mas os juízes deram como provado burlas de 290 mil euros.
Conforme o JN noticiou, na primeira sessão, Lúcia contou que havia dito aos dois “astrólogos” que, em 2012, havia ganho o Euromilhões, em França, num montante “muito elevado”, e nunca o havia reclamado. Aí, os dois, que, diz a acusação, tinham ganho a confiança da vítima, convenceram-na de que, através da “invocação dos espíritos”, conseguiriam ir buscar o dinheiro do Euromilhões e conseguiriam multiplicá-lo.
Para tal, a vítima teria de lhes entregar dinheiro. Assim, e até 2023, a mulher entregou-lhes 102.500 euros que levantou de contas bancárias pessoais.
A seguir, e crente naquilo que os videntes lhe diziam, começou a pedir dinheiro a pessoas amigas, no primeiro caso 15 mil euros emprestados, que entregou aos astrólogos.
A seguir, em 2022, pediu 30 mil euros a uma outra amiga. E ainda convenceu o marido dela a emprestar-lhe mais 20 mil.
Mas os empréstimos não ficaram por aqui. Em novembro, uma amiga da vítima emprestou-lhe mais 17 mil, que tiveram o mesmo rumo, o bolso dos arguidos.