Na cadeia, cumpriu com nota 18 programa para condenados por crimes sexuais. Sete meses depois, violou estudante de cinema.
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Condenado pelo tribunal de Sintra por raptar e violar uma menor, foi libertado um ano antes do final da pena e foi viver para o Fundão. Após sete meses em liberdade condicional, atacou uma jovem estudante de cinema, que sequestrou e violou duas vezes, na zona da Covilhã. O homem, de 37 anos, acaba de ser sentenciado com 13 anos e meio de prisão, pelo Tribunal de Castelo Branco, onde declarou não ter conseguido controlar o impulso.
Samuel E. saiu da cadeia em outubro de 2023. Tinha sido colocado em prisão preventiva em 2019, na sequência do rapto e violação de uma criança, de 13 anos, que abordou numa rua de Sintra, quando a vítima ia para a escola. Condenado a cinco anos e meio de prisão, numa decisão que o Supremo Tribunal de Justiça validou, o recluso teve acompanhamento psicológico e frequentou, no estabelecimento prisional, o programa dirigido a reclusos condenados por crimes sexuais contra menores. Obteve uma avaliação global elevada de 18 valores. Os relatórios até garantiam que o preso “adotou uma postura de profundo envolvimento na intervenção” e que “a tomada de consciência das suas fragilidades e dos danos causados à vítima” avivaram “em si sentimentos de vergonha e desgosto”.
Em outubro de 2023, foi posto em liberdade condicional. Trocou Sintra pelo Fundão, onde arranjou emprego como mecânico. Mas, no início de maio do ano seguinte, pegou no carro e foi à Covilhã, cruzando-se com a vítima num ermo, perto da Faculdade de Medicina da Universidade de Beira Interior. A estudante de cinema, então com 24 anos, tinha apanhado um atalho em terra batida para se dirigir a uma loja, onde trabalhava em part-time.
O predador condenado agarrou-a e forçou-a a entrar na sua viatura, atando-lhe os pulsos e pernas com abraçadeiras de plástico. Cobriu-a com uma manta e, apesar dos gritos da vítima, conduzia-a para fora da cidade, numa zona isolada entre a Covilhã e o Fundão, onde parou o carro. Violou-a.
Depois de prometer à estudante que ia libertá-la, voltou a conduzir para outra zona, onde violou, de novo, a jovem. Após os dois atos sexuais forçados, o arguido obrigou a vítima a limpar-se com toalhitas húmidas, ao que tudo indica, na tentativa de fazer desaparecer o seu ADN. Trouxe de volta a estudante à Covilhã, onde a advertiu, antes de a libertar, perto do Complexo Desportivo, para ficar calada.
Premeditação
Samuel acabou por ser apanhado pela PJ da Guarda 15 dias após o crime. O seu carro fora identificado por câmaras de videovigilância. Foi colocado em prisão preventiva e no julgamento que decorreu recentemente no Tribunal de Castelo Branco, onde confessou os crimes, invocou sofrer de “delírios psicóticos”, com “perturbações da personalidade”, mas o tribunal não acreditou. “O arguido sondou previamente o local, como quem escolhe o local para atacar a vítima, ao mesmo tempo que vai maturando”, lê-se no acórdão.