Um homem, de 43 anos, deu como desaparecidas a mulher e as três filhas e solicitou, através das redes sociais, informações que permitissem apurar o seu paradeiro. Porém, as familiares nunca estiveram em perigo, pois foi de livre vontade, e para escapar a 20 anos de insultos e ameaças de morte, que abandonaram uma localidade de Vila do Conde.
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A esposa chegou a ser violada, após deixar de partilhar a cama com o marido. O indivíduo foi detido na quinta-feira.
O casamento foi sempre tumultuoso, devido aos hábitos de consumo excessivo de álcool por parte do então distribuidor. Sobretudo aos fins de semana, na sequência de muitas horas passadas em cafés, o indivíduo insultava a esposa e garantia que havia de a matar por ela lhe ser infiel. A vítima tudo aguentou, até que, em 2018, deixou de dormir e de manter relações sexuais com o marido. A decisão não foi bem aceite pelo agressor que, no verão do ano passado e após várias tentativas para concretizar uma relação sexual, violou a esposa.
Foge da vergonha
A violação fez com que a vítima abandonasse a residência, com as três filhas, e se instalasse na casa de familiares. Mas os problemas continuaram, uma vez que o marido passou a ser presença assídua ao portão da casa e, numa ocasião, tentou mesmo invadi-la. Ao mesmo tempo, espalhou pela localidade o boato de que tinha sido traído.
Sem saber o que fazer para impedir os ataques, a mulher decidiu, em outubro, ir viver para outro local, longe do agressor e só conhecido por um grupo restrito de familiares. Foi nessa altura que o marido publicou fotografias nas redes sociais, alegando que a mulher e as filhas estavam desaparecidas. Pedia ajuda para as encontrar e pressionou a sogra, de idade avançada, para saber do seu paradeiro.
O caso foi comunicado à GNR e anexado ao processo já com várias queixas das vítimas. Os militares do Núcleo de Investigação e Apoios a Vítimas Específicas detiveram agora o agressor, que, levado a tribunal, ficou obrigado a usar pulseira eletrónica, que o impede de se aproximar da esposa e filhas.