Fernanda, Bruno e Carlos, as três vítimas mortais do homicídio desta quarta-feira, em Lisboa, no Bairro do Vale, tinham em comum o facto de serem pais.
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Pina era pai de cinco e apoio para os jovens do Bairro do Vale
Barbeiro de profissão, Carlos Pina, de 43 anos, era alguém bastante estimado no Bairro do Vale, em torno do qual viveu a sua vida desde criança. Criado pelo pai, manteve os mesmos colegas desde a primária até ao fim da escolaridade obrigatória, num percurso comum pelas escolas dos vários ciclos de ensino que existem na Penha de França. Paralelamente, jogou futebol nas camadas jovens do Operário Futebol Clube de Lisboa, um dos clubes centenários da capital, cujas instalações ficam a poucos metros da urbanização municipal, construída para acolher pessoas que, no final do século XX, viviam num dos bairros de lata que então existiam em Lisboa.
Ao entrar na idade adulta, ainda pensou em enveredar pelo futebol profissional, mas acabou por desistir da ideia. Há mais de cinco anos, abriu a “Granda Pente”, uma barbearia com as portas sempre abertas para dar apoio aos mais jovens. A atitude tornou-o numa figura querida no Bairro do Vale, onde era tratado só por Pina e onde muitos não conseguiram, ontem, conter as lágrimas. Deixa cinco filhos, incluindo um bebé. Parte da família terá sabido da morte pela comunicação social, tendo a mãe de um dos filhos aparecido transtornada no local.
Casal abatido à porta da barbearia deixa órfã menina de três anos
Fernanda Júlia e Bruno Neto, que tinham cerca de 30 anos e terão sido abatidos por se terem aproximado da montra da barbearia, depois de terem ouvido um disparo, deixam órfã uma filha de tenra idade. O casal, que não residia naquela zona de Lisboa, exibia felicidade em fotografias com a criança, de três anos, publicadas no Facebook. Ele era taxista e tinha ido à Penha de França, com a companheira, para ali lavar o seu veículo. A mulher tinha outro filho, com cerca de 12 anos, fruto de uma relação anterior.