Conhecido adepto portista chega a acordo com empresário César Boaventura sobre três ilícitos.
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O conhecido adepto portista Vítor Catão acordou na sexta-feira com o empresário de futebol César Boaventura pagar milhares de euros à Fundação Benfica, para de livrar de três crimes de que o segundo foi vítima. Mas o julgamento prossegue, porque a acusação também lhe imputou crimes de natureza pública, sobre os quais a desistência de queixa da vítima não produz efeito direto.
Vítor Catão, ex-dirigente do S. Pedro da Cova, e um amigo terão armado uma cilada a César Boaventura, alegadamente adepto benfiquista, em março de 2019. Aquele atraiu o empresário de futebol às imediações do estádio do S. Pedro - sob a desculpa de que tinha algo a entregar-lhe para Luís Filipe Vieira - e tê-lo-á sequestrado, agredido e ameaçado de morte. Tudo filmado por Catão e difundido nas redes sociais.
O ferrenho portista foi acusado de ofensas à integridade física, de ameaças, de coação, de sequestro e de gravações ilícitas, enquanto o coarguido, Rui Oliveira, estava só acusado de sequestro. Na sexta-feira, depois do significativo atraso com que começou o julgamento, percebeu-se que tal se deveu a intensa negociação, entre as partes, que deu frutos.
No que toca aos crimes particulares ou semipúblicos - ofensas simples, ameaças e gravações ilícitas -, César Boaventura acedeu a perdoá-los, contra 15 mil euros, a pagar em seis meses, em partes iguais, à Fundação Benfica e à Associação Barrosas (Felgueiras). Catão e Rui Oliveira aceitaram, como ainda anuíram a um pedido de desculpas público, pela comunicação social.
Mas os arguidos estão ainda acusados de crimes públicos, que não contemplam acordos ou perdões. E, por isso, a audiência continuou, para a produção de prova no que toca ao sequestro e à coação agravada (através de alegada arma). Boaventura falou para dizer que foi ter com Vítor Catão, a pedido deste, com a desculpa de que tinha algo a entregar ao então presidente do Benfica. Diz que anuiu a custo ("não lhe atendi várias chamadas"), mas, como ia para Lisboa, acabou por ceder. Catão esperava-o, entrou no seu carro, empunhando uma pistola que esconderia com uma camisola. O coarguido terá ficado do lado de fora para não o deixar fugir. Catão, sentando a seu lado, ter-lhe-á apontado a pistola para ordenar que repetisse o que lhe ia dizer: frases de desculpa ao universo portista.
Depoimentos
"Ameaçou que matava"
"Ameaçou que me matava se não fizesse o que me mandava", contou na sexta-feira César Boaventura sobre o vídeo. Logrou fugir quando disse a Catão "que ia levantar mil euros para lhe comprar rifas", acrescentou.
"Eu não sou maluco"
"Se eu quisesse matar alguém, ia para o parque em frente ao café do S. Pedro da Cova? Eu não sou maluco", disse Catão ao juiz. Só assumiu o vídeo transmitido nas redes sociais. Isso não podia negar e estava "muito arrependido".