Dois sócios do F. C. Porto testemunharam em tribunal que quem não apoiava Pinto da Costa foi alvo de insultos e gritos de “ingratos” e “traidores” na assembleia geral de 13 de novembro de 2023.
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Um deles viu Vítor Catão a fazer ameaças de morte à entrada do Dragão Arena. Ambos contaram que Fernando Madureira liderava os insultos e investiu pela bancada Norte gritando: “Vocês, amigos de Villas-Boas, são uns filhos da p*** e estão a dividir o clube”.
O longo testemunho de Afonso Simões marcou a sessão de ontem. Por ver nele diferenças relativamente ao depoimento prestado na fase de inquérito, a advogada de Catão requereu a extração de uma certidão por falsas declarações. A advogada do F. C. Porto e o Ministério Público opuseram-se, alegando que era uma questão de memória e que omissão não é contradição. A juíza Ana Dias ordenou a extração da certidão, mas frisou que não será o mesmo tribunal a decidir se houve ou não falso testemunho.
“Madureira instigava”
Em causa estavam declarações em que Afonso Simões disse ter visto Catão a dirigir-se à comunicação social ainda na entrada do estádio na zona do P1. A seguir, à porta do Dragão Arena, ouviu Catão dizer que “ia matar o Villas-Boas e quem o apoiasse”, contou. Relatou ainda que chegou ao Dragão pouco antes das 21 horas, mas o confronto de Catão com jornalistas terá ocorrido às 20. Daí o protesto da advogada Susana Mourão.
Afonso também dissera no inquérito que vira Fernando Madureira e Hugo “Polaco” a correr pelas escadas da bancada Norte a insultar quem não batera palmas a Pinto da Costa. Em tribunal, disse que só se recordava de ver Madureira e, “segundos depois, a agressão do Aleixo filho a um senhor de 50, 60 anos”, apontou.
Outro sócio, José Miguel, relatou que o seu grupo foi insultado e teve de mudar de lugar por integrar amigos de Villas-Boas. “As pessoas não tinham liberdade para dizer o que queriam”, afirmou. “Quem estava do lado de Pinto da Costa podia dizer o que quisesse, quem estava do lado de Villas-Boas era insultado e mandado calar”. Contou que Madureira andava “de um lado para outro, sempre com os mesmos elementos, e eram estes que causavam desordem, insultavam e intimidavam quem não era Pinto da Costa. Era o Fernando Madureira que instigava”, disse.
Houve sócios a tentar entrar com cartões alheios
Quatro funcionárias que estiveram de serviço na noite da assembleia geral do F. C. Porto relataram que houve várias pessoas a tentar fazer a acreditação com cartões de sócio de terceiros, ou sem o prazo mínimo ou idade mínima para participar. Todas elas garantiram que a entrada foi vedada às pessoas que não apresentaram cartão de cidadão ou não conseguiram confirmar os dados dos sócios, o que gerou “alguns momentos de tensão”, mas sem incidentes de maior. As funcionárias tiveram conhecimento de que foram furtadas pulseiras às hospedeiras que estavam atrás de si, mas nenhuma assistiu.