O julgamento de Ruben Oliveira, conhecido por "Xuxas", e outros 18 arguidos acusados por tráfico de estupefacientes, associação criminosa e branqueamento de capitais começa esta terça-feira no Tribunal de Lisboa.
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O principal arguido identificou-se ao tribunal como empresário do ramo de táxis e pastelaria e afirmou que quer falar ao coletivo de Juízes, não no início, mas ao longo do julgamento e à medida que a prova é produzida.
Ruben Oliveira está acusado de liderar uma rede com ligações com organizações de narcotráfico do Brasil e Colômbia. O seu advogado, Vítor Parente Ribeiro, começou por alertar o Tribunal para a influência externa no processo provocada pela comunicação social e diz-se limitado pela ausência das transcrições das mensagens que as autoridades francesas intercetaram e que visavam o grupo. Trata-se de mensagens hackeadas aos servidores da empresa Encrochat e Sky ECC, cujos aparelhos os arguidos usavam.
Vítor Parente Ribeiro pediu ainda ao tribunal para ter especial atenção a uma testemunha em particular, António Leão. "Peço ao tribunal para prestar especial atenção à forma como esta testemunha aparece e desaparece no processo".
Prevê-se que a defesa do arguido ataque a acusação do MP por aquilo que já considerou na fase instrutória, sem sucesso, e que se baseia na alegação de que o processo é baseado em “mentiras, deturpações” e “prova proibida”. Ruben Oliveira, preso desde junho de 2021, está acusado de liderar um grupo criminoso de tráfico de cocaína, com "ligações estreitas com as organizações criminosas do Comando Vermelho, no Brasil, e do Cartel de Medellin, na Colômbia", lê-se na acusação do MP, e com ramificações nos Portos de Setúbal, de Sines e de Leixões e no Aeroporto de Lisboa".
Naqueles locais de desembarque, a PJ realizou apreensões de cocaína que envolvem arguidos que supostamente obedeciam a ordens de Rúben Oliveira. A cocaína era introduzida em Portugal através de empresas importadoras de frutas e de outros bens alimentares e não alimentares, fazendo uso de contentores marítimos. A droga entrava também em malas de viagem, por via aérea, desde o Brasil até Portugal.
Indica igualmente a acusação que os arguidos recorriam a "sistemas encriptados tipicamente usados pelas maiores organizações criminosas mundiais ligadas ao tráfico de estupefacientes e ao crime violento" para comunicarem entre si. "Xuxas", apontado pelos investigadores como um dos maiores narcotraficantes portugueses, está em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto desde final de junho de 2022.