
Tio e sobrinha foram atacados em casa, na Lourinhã
Sara Matos / Global Imagens
Gastavam dinheiro que roubaram a tio e sobrinha deixados à beira da morte na Lourinhã. Noite em hotel espanhol, perto de Chaves, alertou Guarda Civil.
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Os dois assaltantes que deixaram duas pessoas à beira da morte, na madrugada do último sábado, na Lourinhã, tentavam escapar-se para Paris, França, quando a Guarda Civil de Espanha os capturou, na terça-feira, em Sahagún, província de Leão. Seguiam num táxi que tinham apanhado em Verín, Ourense, onde chegaram a instalar-se numa unidade hoteleira e a contratar duas prostitutas, gozando dos muitos milhares de euros roubados na Lourinhã.
A entrada na unidade hoteleira de Verín, a dois passos de Chaves, foi crucial. Os nomes dos suspeitos já estavam inseridos no Sistema Schengen, como alvos de mandados de detenção europeus. E, em Espanha, há vasos comunicantes entre o Sistema Schengen, as polícias e os hotéis, que fizeram soar o alarme. A partir daí, a Guarda Civil, em contacto com a PJ, não lhes perdeu o rasto.
Sobrevivente falou à PJ
Mas os suspeitos já haviam cometido outro erro de avaliação na Lourinhã, aproveitado da melhor maneira pela Diretoria de Lisboa da PJ. Um polícia experimentado conta que aqueles homens, mas sobretudo o mais novo, atacaram as vítimas com uma violência extrema, como já não se via por cá há muito tempo. Mas, ao contrário do que terão julgado, não deixaram as vítimas sem vida. E um deles acabou por ser identificado pela mulher, de 53 anos, a quem agrediram, torturaram, violaram e, antes de a abandonarem num ermo, deram um tiro na cabeça.
Aquela bala não seguiu uma trajetória letal, e a mulher conseguiria dizer à polícia que o mais velho dos assaltantes era da Lourinhã e tinha feito uns biscates, na apanha de batatas, por conta do tio, a segunda vítima. Um homem, de 75 anos, que os suspeitos não chegaram a balear, porque também o julgaram morto, acredita a PJ de Lisboa.
A partir do biscateiro, os inspetores chegaram rapidamente à identidade do comparsa, um jovem da Maceira, em Torres Vedras, sem ocupação e com perfil violento.
Já em Espanha, os suspeitos passaram parte de terça-feira com duas prostitutas, a quem pediram para chamar um táxi. Queriam seguir diretamente para Paris. Mas o taxista invocou outros compromissos. Só podia levá-los até Burgos ou Vitória.
Naquela altura, porém, a Guarda Civil já estava em cima dos suspeitos. E seguiu o táxi durante mais de 250 quilómetros, à espera de uma oportunidade que não pusesse o taxista em risco. Quando ela surgiu, deitou a mão aos portugueses, que, afinal, já não estavam armados.
PORMENORES
Presentes a juiz
Os suspeitos foram levados a tribunal na, em Madrid, para um juiz validar o mandado de detenção europeu e a entrega dos fugitivos a Portugal. A decisão tem de ser tomada, no máximo, em 40 dias.
Carro da fuga desaparece
Após o assalto, os suspeitos fugiram num carro da vítima mais velha. Ontem, não se sabia se tinham seguido naquela viatura, que ainda não tinha aparecido, até Espanha.
Estado das vítimas
A sobrinha, que cuidava do tio, doente oncológico, foi operada à cabeça e já estará fora de perigo, contou ontem fonte policial ao JN. Já o homem, acrescentou, continua em estado "bastante reservado".
