
Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira são arguidos
Filipe Amorim / Global Imagens
Clube nega ilegalidade e reclama arquivamento ou, no limite, a suspensão provisória do processo. Relatório da PJ insiste no uso de faturas fictícias.
O Benfica quer acabar de vez com o caso "Saco Azul", processo em que é investigada a alegada utilização de faturas fictícias de empresas de consultadoria informática para esconder dinheiro do clube. Com a investigação da Polícia Judiciária (PJ) dada por concluída, os encarnados querem o arquivamento ou, no limite, uma suspensão provisória do processo, pela qual estão dispostos a pagar 182 mil euros. Embora insista na legalidade da sua atuação, o Benfica quer acabar com os danos reputacionais e os "prejuízos incalculáveis" que resultam da divulgação do caso.
Concluído a 24 de agosto, o relatório da PJ, que está agora nas mãos do Ministério Público (MP), propõe que sejam acusados de fraude fiscal os arguidos Luís Filipe Vieira, ex-presidente, e Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD, Miguel Moreira, diretor financeiro, as empresas Benfica SAD e Benfica Estádio, assim como o gerente da empresa Questão Flexível, José Bernardes, que recebeu os 2,2 milhões do clube, bem como José Raposo e Paulo Silva, dois homens que terão depois levantado essa verba no banco em dinheiro vivo.
Fundo oculto
A "Questão Flexível" foi contratada pelo Benfica para, alegadamente, desenvolver um software de gestão de compras e de logística, que se destinaria a apoiar as lojas do clube, onde são vendidos artigos de merchandising. As suspeitas de terem sido combinados serviços fictícios para alimentar um fundo oculto surgiram após uma alerta do sistema bancário. É que grande parte dos milhões envolvidos terá sido levantada em dinheiro vivo, após a celebração do contrato.
Pouco depois da realização de buscas, em junho de 2018, os advogados do Benfica fizeram chegar ao processo provas do desenvolvimento do referido software. Mas isso não travou os investigadores, que acreditavam que o esquema alimentava um saco azul destinado a pagar despesas não documentadas.
A investigação não apurou de que forma os milhões regressaram à esfera do Benfica para alimentar o "Saco Azul", o que leva os advogados do Benfica, Rui Patrício, João Medeiros e Paulo Saragoça da Matta, a defender que a investigação é "uma mão cheia de nada, por referências àquelas que eram as suspeitas iniciais". Os advogados argumentam ainda que "a justa solução deveria ser a do arquivamento do processo, admitindo contudo, a benefício da ponderação de diverso entendimento do MP, a suspensão provisória". Para acabar com os prejuízos causados pelas suspeitas, admitem pagar 182 mil euros.
Ex-árbitro Bruno Paixão investigado no mesmo processo
O antigo árbitro Bruno Paixão foi investigado pela Polícia Judiciária no processo do "Saco Azul" do Benfica. Recebeu milhares de euros de uma empresa de informática que pertence a José Bernardes. Este homem, arguido no "Saco Azul", recebeu do clube encarnado 2,2 milhões de euros em serviços de consultadoria informática que, para o Ministério Público, nunca foram prestados.
