
César Nogueira refere que aumento do número de generais perpetua a presença do Exército na GNR
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Orientações do comandante-geral da GNR apontam para a aplicação de um rácio de um oficial por mil militares. Associações contestam despacho.
O comandante-geral da GNR, Rui Clero, pretende que haja um general por cada mil militares. Um rácio que, a ser aplicado, duplicaria o número atual de generais e que faria com que a Guarda tivesse, em proporção, o dobro dos que existem na Guardia Civil espanhola. As associações de guardas e sargentos consideram que este aumento é inadmissível, sobretudo em tempos de constante diminuição do efetivo.
O número de generais na GNR tem crescido ao longo dos anos. Se no início deste século só havia três oficiais com esta patente, agora já são 11. E se a vontade do comandante-geral for avante o número de generais poderá ultrapassar os 22. No despacho que cria um grupo de trabalho para elaborar uma proposta de revisão da Lei Orgânica da Guarda, ao qual o JN teve acesso, Rui Clero dá orientações para que "a estrutura superior de Comando da Guarda contemple um número de cargos de oficial general em número equiparável à estrutura dos ramos das Forças Armadas, com um ratio de um oficial general por 1000 militares". Tendo em conta que há cerca de 22 000 militares na GNR, teriam de ser criadas vagas para mais 11 generais.
Serviço em causa
"É inadmissível. Se isto for aplicado a pirâmide na GNR caminha para ficar invertida", critica o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR). César Nogueira lembra que "a categoria de oficiais tem crescido nos últimos anos, enquanto o número de guardas é cada vez menor", um facto que, diz, "coloca o serviço em causa". "Quem faz as patrulhas não são os generais", justifica.
César Nogueira compara, ainda, o número de generais na Guardia Civil com os que poderá haver na GNR: "em Espanha há 35 generais para um efetivo com 78 mil elementos".
Também a Associação Nacional de Sargentos da Guarda (ANSG) "lamenta que o Comando da GNR se proponha a rever a sua Lei Orgânica e apresente como principal objetivo uma nova macroestrutura, que representa um aumento de 136% nos lugares de general". Prevê ainda "a cisão de estruturas que, no futuro, apenas vai garantir o lugar a mais coronéis, já que para o funcionamento da Guarda não se vislumbra quaisquer benefícios".
"A presente revisão afigura-se como uma necessidade para legitimar o generalato, pois no que respeita às unidades e ao dispositivo territorial tudo é supérfluo. Certo é que a Guarda está a caminhar para o precipício e ingovernabilidade", acrescenta. A ANSG fala, igualmente, na abertura de "vagas para cargos de direção superior, em detrimento das necessidades operacionais".
