Investigação da Direção de Finanças do Porto e da GNR dá acusação para 29 arguidos. Faturas percorriam três países sem a mercadoria sair de Portugal.
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Criaram uma multitude de empresas em Portugal, Inglaterra e Espanha para simular transações de produtos alimentares, isentas de IVA por acontecerem entre países da União Europeia. O esquema permitiu obter reembolsos fraudulentos de impostos de mais de quatro milhões de euros. Mas a rede acabou por ser desmantelada pela Unidade de Ação Fiscal da GNR e pela Autoridade Tributária (AT) e levou agora o Ministério Público (MP) a acusar 29 arguidos, a quem reclamam os lucros ilegais.
Dois indivíduos de origem paquistanesa - Taher Ali, em prisão preventiva, e Mohit Mirpuri, em parte incerta - são os dois mentores do esquema em tinham 13 cúmplices e testas de ferro. Em Portugal criaram firmas em Moreira de Cónegos, Braga, Boliqueime e Sintra.
Segundo a acusação, Taher e Mohit "arquitetaram um intrincado esquema de faturação entre uma complexa rede de sociedades nacionais e estrangeiras que criaram para o efeito e através das quais as mercadorias circulariam ficticiamente, até mais do que uma vez pelos mesmos operadores, num esquema conhecido como "carrossel", aproveitando-se das isenções de IVA". Isto de forma a que, "quando fossem transacionadas em território nacional, no final do círculo, os seus preços fossem impraticáveis para qualquer concorrente, frequentemente abaixo do preço de custo (dumping), subvertendo gravemente as regras da concorrência", explica ainda o MP.
O esquema contava com a ajuda de um advogado do Porto, acusado de criar as empresas e facilitar o esquema. Duas firmas grossistas, a Sabores das Quinas e o Recheio Cash & Carry, da Jerónimo Martins também foram acusadas, tal como alguns dos seus responsáveis. São suspeitos de venderem a mercadoria sem IVA sabendo que os produtos não eram destinados á exportação. Para o MP, aderiram ao esquema para ganhar prémios e dividendos anuais com as vendas fraudulentas.