
Tribunal de São João Novo, no Porto
José Carmo / Global Imagens
Dois irmãos gémeos, de 27 anos, começaram esta quarta-feira a ser julgados no Tribunal de São João Novo, no Porto, acusados de homicídio tentado com dolo eventual e crime de ofensa à integridade física de um turista italiano, em janeiro.
Os factos ocorreram a 28 de janeiro, cerca das 23 horas, junto à estação de Campanhã, no Porto, quando a namorada do arguido Tiago, que hoje também foi ouvida, se deslocou a uma caixa automática para levantar dinheiro. Segundo as testemunhas, um homem começou a seguir a namorada, tentando conversar, chegando a tocar-lhe no braço, ignorando os pedidos para que se afastasse.
Na sequência, o outro arguido, Diogo, acusado do crime de ofensa à integridade física - e que hoje optou por não prestar declarações -, tentou ajudar a namorada do irmão, dizendo ao cidadão italiano que se pretendia "droga ou mulheres" as fosse procurar noutro sítio.
Segundo contaram ao tribunal, o turista italiano, aparentemente embriagado, assumiu uma "atitude de gozo e de desafio", tendo-se iniciado uma rixa entre os três, sem que ouvissem os apelos da rapariga para que parassem.
Tiago, que tinha sido recentemente operado às pernas, na sequência de um acidente de mota, acabou por agredir o italiano "com um pequeno canivete/porta-chaves", com uma lâmina de cerca de "quatro centímetros", para tentar ajudar o irmão. Depois, segundo explicou hoje Tiago em tribunal, foram-se embora, tendo o homem "ficado de pé, a fumar um cigarro", com o mesmo "ar de gozo".
A vítima, que sofreu três golpes, na zona da omoplata, um dos quais afetou a pleura pulmonar, deslocou-se alguns metros a pé para pedir ajuda.
Ouvido hoje em tribunal, o inspetor da Polícia Judiciária que se deslocou ao local disse que as testemunhas e as imagens vídeo disponíveis ajudaram a localizar e deter os agressores, que desde o início "colaboraram" com as autoridades. A arma do crime não foi encontrada.
Questionado pela Lusa, o advogado do arguido Tiago, Carlos Macanjo, considerou que não se justificava a acusação de tentativa de homicídio qualificado, porque se tratou de "um caso fortuito, sem qualquer intenção premeditada para pôr em risco a vida da vítima" e que "a vítima contribuiu muito" para o desfecho da situação.
A leitura do acórdão ficou marcada para 16 de novembro, às 9.30 horas, no Tribunal de São João Novo, no Porto.
