
Sara Matos / Global Imagens
O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, foi formalmente acusado da prática de 31 crimes, no âmbito do Operação Marquês. Ministério Público seguiu dinheiro depositado na Suíça e chegou a Ricardo Salgado e Helder Bataglia.
Segundo a acusação, Sócrates acumulou 24 milhões de euros em três anos na Suíça. Desses fundos constavam, também, pagamentos determinados por Ricardo Salgado, um dos 28 arguidos deste caso, com a mobilização de quantias oriundas de entidades em "offshore" que pertenciam ao Grupo Espírito Santo", explica o MP, sublinhando que estes pagamentos "estavam relacionados com intervenções de José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, em favor da estratégia definida por Ricardo Salgado para o grupo Portugal Telecom, do qual o BES era acionista".
Entre outros pagamentos a favor de José Sócrates, o MP diz que Ricardo Salgado determinou também que fossem efetuados pagamentos a Zeinal Bava e Henrique Granadeiro.
Nesse período, entre 2006 e 2010, Bava e Granadeiro exerceram funções na administração da Portugal Telecom," tendo aceitado esses pagamentos para agir em conformidade com interesses definidos por Ricardo Salgado para o BES enquanto acionista da PT".
Ainda com origem no Grupo Espírito Santo, e por determinação de Ricardo Salgado, já em 2010 e 2011, Santos Silva "terá montado um esquema, em conjunto com Joaquim Barroca e Helder Bataglia, com vista à atribuição de nova quantia a favor de Sócrates".
Este esquema passava, segundo o MP, "pela produção de um contrato promessa de compra e venda de um edifício em Angola".
"Através do incumprimento dessa contrato promessa e consequentemente perda do sinal, foi justificada a transferência de uma quantia para as contas do grupo LENA que ficou com o encargo de devolver o mesmo montante a Carlos Santos Silva ou a sociedades do mesmo, para este, por sua vez, fazer chegar o dinheiro a José Sócrates", explica.
Os factos em investigação na Operação Marquês tiveram lugar entre 2006 e 2015. Segundo a acusação, em síntese, "ficou indiciado que os arguidos que exerciam funções públicas ou equiparadas, tendo em vista a obtenção de vantagens, agiram em violação dos deveres funcionais".
O ex-primeiro-ministro José Sócrates foi hoje acusado pelo MP pela prática de três crimes de corrupção passiva de titular de cargo político, 16 de branqueamento de capitais, nove de falsificação de documentos e três de fraude fiscal qualificada, no âmbito da "Operação Marquês"
