
Pedro Correia / Global Imagens
Durante cerca de dois anos, sempre de madrugada, conseguiram entrar em dezenas de garagens coletivas do Norte do país, de onde furtavam as jantes e pneus de carros.
Preferiam Lexus, Mercedes ou BMW. Contam-se mais de uma centena de vítimas. Os dois indivíduos, de 36 e 40 anos, atualmente em prisão preventiva, teriam a cumplicidade da namorada de um deles e todos foram agora acusados pelo Ministério Público (MP) do Porto de dezenas de furtos, juntamente com dois recetadores.
As jantes e peças eram escoadas no mercado paralelo e através de anúncios em sites especializados. Entre os cinco arguidos, há também dois indivíduos de um stand de automóveis de Braga, que terão lucrado dezenas de milhares de euros. Os assaltantes também aproveitavam para levar todo o material que podiam do interior dos carros, como malas de ferramentas, GPS, óculos e até bancos especiais.
De acordo com a acusação do MP, entre abril de 2016 e início de 2018, foram assaltadas 39 garagens coletivas, por regra com mais do que um veículo em cada uma delas.
O primeiro assalto registado pelas autoridades aconteceu nas garagens do Edifício Brasília, em Margaride, Felgueiras, de onde levaram pneus e jantes de um Mercedes e de um Volkswagen, para além de lâmpadas e suportes de matrícula de um BMW. Seriam componentes facilmente vendáveis e com bastante procura.
Seguiram-se assaltos em Santa Maria da Feira, Maia, Porto, Valongo, Paredes (concelho onde atacaram sete garagens coletivas), Matosinhos, Gondomar, Lousada, Paços de Ferreira, Vila Nova de Gaia, Penafiel e Trofa.
Cada um dos assaltos era geralmente muito rentável. Na garagem de um edifício da Rua Padre António, na cidade da Maia, os indivíduos retiraram quatro jantes de um potente Mercedes, avaliadas em cinco mil euros. Dois bancos especiais do mesmo veículo, no valor de 10 mil euros, também não escaparam aos ladrões. No mesmo local ainda conseguiram retirar as jantes e pneus de um Lexus, valendo mais de 2500 euros.
Normalmente, os indivíduos estroncavam a fechadura das garagens e depois partiam o vidro de uma das viaturas na qual se apoderavam do um comando de abertura da porta, ali deixado pelo dono da viatura. Depois, estacionavam uma carrinha no interior da garagem e carregavam pneus e jantes tranquilamente. Feito o serviço, desapareciam e guardavam o material em "casas de recuo".
Manobras para enganar polícias
De acordo com a acusação, os assaltantes faziam manobras de contravigilância durante a execução dos assaltos, para evitar serem apanhados pelas autoridades. Os telemóveis eram sempre deixados em casa, para não serem localizados. E guardavam o material que usavam numa garagem, na Maia, que não estava alugada em nome de nenhum dos envolvidos.
PORMENORES
Conjunto de 13 pneus e jantes comprados
Os dois arguidos do Stand de Braga compraram por cerca de oito mil euros um conjunto de 13 jantes que valia 30 mil.
Ferrari e Audi R8
Quando o grupo foi desmantelado pela PSP, em abril do ano passado, as autoridades apreenderam um Ferrari F430 descapotável e um Audi R8, ambos de matrícula espanhola.
Buscas
Nas buscas do ano passado, no Porto, Gondomar e Braga, foram recuperados 30 conjuntos de jantes e respetivos pneus e artigos desmantelados de automóveis, como bancos e volantes.
