A Procuradoria Geral da República (PGR) negou que o presidente do Benfica tenha sido constituído arguido no processo dos emails, em que se investigam suspeitas de corrupção desportiva, contrariando notícias vindas a público esta terça-feira.
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Até ao momento, e não obstante Luís Filipe Vieira ter sido alvo de buscas em outubro do ano passado, a par do comentador e ex-diretor de conteúdos da Benfica TV Pedro Guerra, bem como diversos responsáveis com ligações à arbitragem, apenas Paulo Gonçalves (advogado e agora ex-assessor jurídico da SAD dos encarnados) foi formalmente constituído arguido no âmbito daquele inquérito ainda sob investigação na Polícia Judiciária, explicou também a PGR.
Mas, afinal, o que aconteceu? Vieira, bem como Pedro Guerra e Adão Mendes, são indicados na qualidade de arguidos num auto de exame de telemóveis apreendidos nas buscas. Esse auto, anexado ao processo "e-Toupeira", resulta de um formulário-tipo normalmente utilizado pela Polícia Judiciária em exames periciais, nos quais são referidos os detentores dos equipamentos, meros suspeitos ou já arguidos. Terá sido o recurso a este formulário que gerou a confusão sobre o estatuto processual do líder encarnado, entretanto já esclarecida pela PGR. Os intervenientes diretos no processo sabiam que o presidente da SAD do Benfica não tinha sido constituído arguido.
No processo dos emails, Luís Filipe Vieira, Pedro Guerra e Adão Mendes, entre outros, são referenciados como suspeitos, mas ainda não foram formalmente constituídos arguidos. Isto é, não foram notificados pelas autoridades de que estão indiciados da prática de crime e que estão sujeitos aos direitos e deveres da condição de arguidos e sujeitos a termo de identidade e residência.
Nos últimos meses, a SAD do Benfica tem estado sob fogo, com sucessivas revelações que tiveram início com a referida revelação de emails privados do clube da Luz. Entre vários casos, o mais mediático foi denominado e-Toupeira, que já teve como consequência uma acusação formal à SAD benfiquista de 30 crimes, entre os quais um de corrupção ativa. Figura central neste processo, Paulo Gonçalves, diretor jurídico da sociedade liderada por Luís Filipe Vieira, chegou a ser detido em março e posteriormente também ele constituído arguido, neste caso de 79 crimes.
Gonçalves deixou o cargo que ocupava desde 2006 a 17 de setembro, quatro dias depois de o clube da Luz ter acusado o F. C. Porto de ter pago a um pirata informático para aceder a informação confidencial do Benfica, que viria a abrir caminho ao chamado caso dos e-mails, cuja conclusão está longe de ser conhecida.