
Maria Elisabete Imaginário
Nelson Morais/JN
"É uma vergonha, já andam nisto há 12 anos e meio", protesta a viúva Maria Elisabete Imaginário, contra a lentidão do sistema de Justiça na resolução do processo-crime destinado a apurar as responsabilidades de sete arguidos e três entidades demandadas pelo naufrágio que matou dois pescadores, em 19 de março de 2007, junto da Ponte dos Arcos, na Figueira da Foz.
Maria Elisabete Imaginário é viúva de uma das vítimas do naufrágio, associado a obras naquela ponte que complicaram a navegabilidade do braço sul do Mondego. A mulher queixou-se da morosidade da justiça, em declarações ao JN, após o encerramento da sessão de julgamento, na sexta-feira à tarde, onde o Tribunal de Coimbra deveria ter ditado a sentença, mas decidiu adiá-la, para data incerta.
Numa sala de audiências grande e com má acústica, Maria Imaginário não percebeu a razão do adiamento e, após breve conversa com o JN, já não encontrou o seu advogado no tribunal para lhe pedir a explicação.
O juiz-presidente que está a repetir o julgamento - a Relação de Coimbra detetou vícios e anulou o primeiro, que absolvera todos os arguidos - justificou que ainda falta esclarecer se "caberia, ou não, ao Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos [IPTM] a decisão de impedir a navegação" sob a Ponte dos Arcos.
Mais corrente com obras
As obras realizadas na ponte, à época, estreitaram o canal de navegação, aumentando muito a velocidade da corrente. Clemente Imaginário e Manuel Pata, com 69 e 71 anos, saíram do Portinho da Gala para pescar lampreia junto à barra do Mondego, mas a corrente fez o bote adornar e a afundar-se. Um terceiro pescador conseguiu salvar-se.
Além de um arguido do IPTM, estão a ser julgados seis elementos das empresas de construção e de fiscalização da obra, por crimes de infração de regras de construção. Os pedidos de indemnização são dirigidos ao IPTM, Infraestruturas de Portugal e construtora Ramalho Rosa Cobetar.
