O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP), atualmente em prisão preventiva no âmbito da investigação por suspeitas de viciação de contratos na instalação de Lojas Interativas de Turismo, pretenderia concorrer à liderança da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
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Um dos passos nesse sentido terá sido um patrocínio de 100 mil euros que o TPNP deu ao Vitória de Guimarães, supostamente para se aproximar do seu presidente e obter o seu apoio.
No lote de crimes de que é suspeito, Melchior Moreira está, além da corrupção, indiciado por participação económica em negócio e falsificação de documento, por causa do patrocínio celebrado com o Vitória, aquando da final da Taça de Portugal de 2017. O jogo era contra o Benfica.
Aproximação
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o Ministério Público e a Polícia Judiciária acreditam que a aproximação a Júlio Mendes, presidente do Vitória de Guimarães, se destinava a obter o apoio para uma eventual candidatura à presidência da Liga. Para cair nas boas graças daquele clube, Melchior resolveu propor um contrato para que, naquela partida, as camisolas dos jogadores ostentassem a marca do Turismo do Porto e Norte de Portugal, por 100 mil euros mais IVA. Até esta proposta, o Guimarães apenas tinha outra oferta de patrocínio, no valor de 50 mil euros.
Legalmente, no entanto, o TPNP não poderia contratualizar o patrocínio por aquele montante, uma vez que, no ano anterior, já tinha firmado o mesmo contrato, mas por um valor mais baixo. Por outro lado, também não tinha dinheiro para pagar ao Guimarães.
Em face desta dificuldade, Melchior terá mandado celebrar um contrato com o Guimarães no valor de 67 mil euros e, paralelamente, o TPNP elaborou vários outros contratos com fornecedores do clube, a fim de atingir os 100 mil inicialmente propostos. A investigação acredita que estes contratos não tinham objeto real, servindo apenas para diluir e despistar o valor do patrocínio. Por isso, estão em causa suspeitas de crime de falsificação de documentos.
Melchior também está indiciado por recebimento indevido de vantagem por ter viajado com a comitiva do Vitória numa deslocação a Marselha, França, para assistir a uma partida da Liga Europa. O V. Guimarães terá assumido todas as despesas de Melchior. Essa oferta surgiu depois de o presidente do TPNP ter patrocinado o clube em 100 mil euros.
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No mesmo inquérito, A PJ do Porto está a investigar eventuais ligações entre o empresário José Simões Agostinho (foto), detido por suspeitas de corrupção e viciação de contratos em torno do TPNP e Almeida Henriques, ex-secretário de Estado e atual presidente da Câmara de Viseu. Existem suspeitas de que Agostinho possa ser testa de ferro ou sócio oculto do autarca. Este já negou.
Contratos suspeitos
Foram feitos sobretudo em 2017 e 2015, embora a investigação tenha sido iniciada em 2015. No inquérito do DIAP do Porto, estão em causa suspeitas de crimes de tráfico de influência, corrupção, participação em negócio e falsificação.
Detidos
Para além de Melchior Moreira e José Agostinho, foram detidos Isabel Castro e Gabriela Escobar, do TPNP e ainda Manuela Couto, dona de empresas na área da comunicação. Apenas Melchior está preso.