Paulo Registo, o juiz a quem foi confiando o julgamento de Rui Pinto e que esteve nos últimos dias envolvido em polémica por ser um confesso adepto do Benfica, pediu para ser afastado do caso.
Corpo do artigo
12085619
Paulo Abrantes Registo, magistrado do juiz 18 do Tribunal de Lisboa, faz parte do coletivo a quem o sorteio ditou realizar o julgamento de Rui Pinto. Mas uma recente polémica, levantadas nas redes sociais, com fotos do juiz ostentando um cachecol do Benfica, com comentários críticos em relação a arbitragem e ao próprio pirata informático que deveria julgar, levaram o magistrado a pedir escusa do processo.
Num despacho enviado para o Tribunal da Relação de Lisboa, o juiz explica pedir "escusa de intervir na tramitação e julgamento, por existir suspeita sobre a sua imparcialidade".
"Nos últimos dias, foram veiculadas informações na comunicação social e também nas redes sociais, conforme é do conhecimento público, que o presente processo tinha sido distribuído ao juiz signatário, que também está indigitado para integrar o coletivo que irá julgar o processo conhecido com e-toupeira e que mantém ligações ao Sport Lisboa e Benfica, com revelação pública de diversas fotografias e também de publicações nas redes sociais", refere o despacho, a que a agência Lusa teve acesso.
O juiz acrescenta que "são também levantadas suspeitas no sentido destes dois processos terem sido intencionalmente distribuídos" a si próprio, "com o intuito de beneficiar o Sport Lisboa e Benfica, clube do qual se afirma textualmente que é adepto apaixonado e ferrenho, ao mesmo tempo em que se alega um intuito de prejudicar os arguidos Rui Pedro Gonçalves Pinto e Aníbal Fernando de Araújo Pinto [advogado], assim como o próprio Futebol Clube do Porto".
Na pratica, o pedido segue agora o Tribunal da Relação de Lisboa, que irá apreciar os argumentos invocados pelo juiz para não fazer parte do coletivo.
Paulo Registo é um confesso adepto benfiquista. A prova estava disponível na sua página pessoal na rede social Facebook, onde eram visíveis fotos com amigos no Estádio da Luz e com cachecóis do clube encarnado. Eram porque, após ter rebentado a polémica sobre a sua preferência clubística, foram ocultadas ao público naquela rede social.
A polémica foi levantada, na semana passada, por Pedro Bragança, comentador do Porto Canal que acompanhou Francisco J. Marques nos programas de revelação dos e-mails do Benfica. No Twitter, o adepto portista revelou que o coletivo de juízes em que está Paulo Registo também iria julgar o caso e-Toupeira.
Em tom irónico, falava em "extraordinária coincidência" pelo sorteio ter atribuído estes dois processos a um "juiz especial".
Na altura, contactado pelo JN, Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, disse estar preocupado com o que tem visto sobre o caso e estar a analisar a informação, sem se comprometer com um eventual pedido de recusa do magistrado.